DIÁRIO DE PARIS 10 DE FEVEREIRO DE 2023
Por Marcus Ozores
Amigas e amigos da Cancioneiro Caiçara.
Eu e Wilma desembarcamos no aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, ontem, dia 9 de fevereiro, após ausência de três anos seguidos, sem visitar a cidade, em decorrência da peste da covid 19, que assolou a todos nós, inquilinos passageiros da nossa Gaia mãe.
Ontem, dia da chegada, claro que não tínhamos condições para nada mais que uma saída rapidíssima do apartamento para ir ao Carrefour, localizado na Avenue General Leclerc, nome do herói da resistência que, ao lado do De Gaulle, foi o segundo em comando a assumir oposição ao governo fascista de Vichy.
Esperávamos um frio intenso mas o que encontramos foi temperatura amena para essa época, bem claro, em torno de mínimas de 5 a 7 graus o que é, digamos, civilizado ou culpa do aquecimento global.
“Paris nos presenteou com um lindo dia de sol”
Acordei fiz café e Paris nos presenteou com um lindo dia de sol e temperatura maravilhosa de 5º graus positivos. Claro que saímos pelas ruas a pé. Nada de metrô ou ônibus, só caminhada até a rue Daguerre, lugar conhecidíssimo da colônia brasileira que a gerações vem aqui para estudar. O apartamento que alugamos fica na rua du Père Corentin, no 14éme, bem perto da Cité Universitaire e Parc de Montsouris.
Confesso que iniciei a flaneurice tenso, sem saber o que iria encontrar. Minhas dúvidas eram saber o tamanho do estrago que a pandemia causou, nesses últimos três anos, na vida cotidiana dos parisienses e, principalmente, naqueles que vivem no 14éme. Tinha motivos para essas dúvidas me atormentarem. Afinal, no Brasil, a pandemia remodelou a paisagem urbana dos bairros e dos centros de São Paulo e Campinas pelos menos os lugares que frequento. Divido estadias em Sampa no bairro dos coxinhas, Higienópolis e arredores, e o centro de Campinas onde fica na minha quitinete localizada na Glicério em frente ao Largo do Pará, onde de vez em quando durmo, quanto tenho reunião no NEPP, na Unicamp.
“Meu coração entrou em festa”
Ao sair do apartamento alugado, até a avenida do General Leclerc comecei a notar que nenhuma das lojas existentes no final de fevereiro de 2020, havia cerrado as portas. Muito ao contrário, estavam abertas e movimentadas. Meu espanto foi maior ao chegar na rue Daguerre e ver aquela belezura sem nenhuma alteração, confesso que meu coração entrou em festa. Tudinho no mesmo lugar até os garçons eram o mesmos do restaurante tailandês que almoçamos. Parece que tinha entrado no filme Feitiço do Tempo e vivia a hora da marmota.
“Que diferença com o Brasil onde os centros desmoronaram…”
Que diferença com o Brasil onde os centros desmoronaram principalmente em Campinas e Sampa.
Após almoço ônibus 38 rumo ao centro da vila. Aí sim o cenário mudou, mas de forma diferente. Quando descemos do ônibus no ponto ao lado da Fontaine Saint Michel olhei para o lado do Quai Saint Michel e pronto. A antiquíssima livraria Gibert Jeune não está mais lá. Esse recanto dos amantes dos livros, principalmente os de bolso mais baratos, perderam sua referência no centro. A livraria foi vendida e agora é mais um café daqueles caros prá caramba cheios de turistas curtindo o rio e a ponte Saint Michel. A outra Gibert Jeune que ficava na esquina da Saint Andre des Arts também foi vendida e até o momento só tem tapumes para evitar invasão dos moradores de rua.
“olhei para o lado do Quai Saint Michel e pronto. A antiquíssima livraria Gibert Jeune …”
Subindo o boulevard Saint Michel em direção ao Jardim de Luxemburgo topei com a Gibert Joseph intacta, com seus livros usados baratíssinhos entre 1 e 5 euros. A Gibert Joseph de livros novos e nova Gibert Joseph só para amantes de música estão abertas para o prazer dos ratos de livros que devoram centenas por ano.
O mais fantástico foi ver os velhinhos pesquisando o que comprar. Aí meu coração se alegrou todo. Afinal, a Paris continua a mesma apesar da pandemia, da guerra da Rússia e Ucrânia, da inflação (subiu tudo aqui mais que 10% está caro pra caramba). As livrarias estão lotadas, os cafés também, os namorados continuam se beijando em todos os lugares, as bicicletas cruzam em alta velocidade na sua frente, os imigrantes gritam quando falam nos celulares, as madames continuam exibindo seus casacos de couro, muita imitação de onça e zebra circulando em salto alto, e o sol se despedindo.
Amanhã tem mais.
- Salve São Sebastião elegendo Gleivison 11
- Nunca vi tanta displicência com o povo Sebastianense
- Liana Fernandez fala sobre sexteto Consixtencia
- violinista Jaime Jorge García dá entrevista exclusiva á RC2
- Os eventos extremos e o nosso consumismo
- A Crônica do dia
- A OPINIÃO DA CANCIONEIRO CAIÇARA
- Aprendiz de Mãe
- Automoveis e esportes
- Cantinho da Priscila Siqueira
- Cidadania em Podcast
- Coluna da Raquel Salgado
- Cultura Digital
- CULTURA E LAZER
- Destaques do Banner
- Dicas de bem Viver
- Educação e cultura
- Esportes e Aventura
- Eventos
- História e Cultura do Litoral Norte
- homofobia
- Humor
- Joban Antunes
- Memórias e saudades
- misoginia
- Música cubana
- Notícias
- Noticias do Caribe
- Os Diários do Ozores
- Pod Versos Poemas de Caiçaras
- Politica e Meio Ambiente
- Racismo