Por Marcus Vinicius Ozores
Diário de Paris ,15 de fevereiro de 2023
Meninos eu li. Amanhã tem greve geral em todo o país e aqui em Paris para tudo: metrô, trem, escola, funcionários de energia, médicos (já estão em greve), etc..etc… É Paris sendo Paris. Conviver com ‘mouvement social’ é normal por esses lados. O aumento de dois anos, na idade para aposentadoria, passando de 62 para 64 está fazendo a cobra fumar por esses lados de cá. No Brasil, onde temos mania de vira lata nas ultimas três décadas passaram 4 mudanças previdenciárias aproximadamente e não houve nenhuma convulsão social de massa como aqui.
A imprensa diz que amanhã, a greve não deve ser assim tão forte, mas preparem-se aqueles que irão desembarcar nas terras de Danton a partir de março. As grandes centrais sindicais prometem um recrudescimento da greve – e por tempo indeterminado – a partir de 7 de março. Aí sim a coisa pode ficar preta, pois, aqui ainda é inverno e as centrais sindicais prometem fazer parar parte dos funcionários do setor de energia. Daí, só espero não ter que tirar os esquecidos cobertores do guarda-roupa, já que a calefação mantém temperatura média, dentro dos imóveis, em torno de 25 graus. Anos atrás alugamos um apartamento no 11éme, (bem em frete a sede do PCF com projeto de Niemayer) de uma arquiteta brasileira de Minas, cujo apartamento, construído nos anos 70, a calefação passava pelo chão sem possibilidade redução da temperatura.
Conclusão: o calor à noite era pior que verão no Rio de Janeiro. Daí, para dormir tínhamos que deixar a janela do apê aberta, vendo neve caindo lá fora.
“Amanhã os sites de clima preveem chuva e se chover não vou não, ficarei no apê lendo e cozinhando”
Meu amigo Marcius Freire – mais parisiense que brasileiro – já me enviou zap perguntando se não irei amanhã às ‘manifs’ na Place de la Republique. Sei não, nos meus 70tão já fui a muita ‘manif’ na vida e ainda vou. Se a linha 4 do metrô (um dia escrevo sobre essa emblemática linha parisiense) operar darei um pulo até lá e depois relato a voces. Amanhã os sites de clima preveem chuva e se chover não vou não, ficarei no apê lendo e cozinhando.
“uma dica para quem vir a Paris e passear de forma econômica”
Aliás, uma dica para quem vir aqui e passear de forma econômica, desde que se hospede em flat ou B&B que tenha micro-ondas. Existe uma rede chamada Picard – espalhada pela cidade inteira – onde você encontra comida pronta supercongelada numa média de 3,50 a 5,00 euros a refeição. Brandade – dá para três pessoas custa 6,50 euros. Por esse preço nem no Brasil você come assim. Comida é deliciosa e bastam 3 a 7 minutos de micro-ondas. Outra dica são as ‘marroquineries’ semelhantes as nossa lojas de 1,99 que tem tudo que você precisar de emergência e baratinho. Antigamente eram os marroquinos, tunisianos, indianos e argelinos proprietários dessas lojas que suportavam jornada de 10 a 15 horas por dia. Hoje grande parte está nas mãos dos descendentes de chineses, filhos de imigrantes nascidos já em Paris, e, em sua grande maioria, de Taiwan.
Hoje escrevo mais cedo meu diário, pois, é dia de ir a École Normal para seminário do grupo de Pesquisa sobre o Brasil Contemporâneo que a Wilma vai apresentar pesquisa sobre a família Taunay.
Depois do seminário pretendemos jantar no Polidor, um dos mais antigos bistrôs da cidade, desde 1845. Se você quer comer uma refeição tipicamente parisiense feita à moda antiga esse lugar é o Polidor.
Há mais de 180 anos ele mata fome dos professores da Sorbone, na Escola de Medicina, de poetas como Verlaine, Rimbaud e de americanos como Hemigway quando morou por aqui nos primeiros anos do século XX e também foi lugar predileto de Woody Allen, já no século XXI quando esteve por aqui para filmar ‘Meia Noite em Paris’ com roteiro baseado no livro de Hemingway, publicado post mortem intitulado ‘Paris é uma Festa’. Aliás, se você não conhece Paris existem milhares e milhares de livros sobre a cidade.
Mas Paris é uma Festa é uma delicia de leitura para quem realmente ama essa cidade, dentre muitos outros. Outro que sempre releio é livro de Carlinhos de Oliveira, saudoso cronista do Jornal do Brasil que de tempos em tempos se autoexilava na cidade, nos anos 70, e passavam horas e horas nos cafés lendo o Monde e Le Parisien e escrevendo, num moleskin suas crônicas inesquecíveis.
Hoje é terceiro dia e as papoulas continuam dançando. Se você vier a Paris – mesmo que por uma dia – compre sempre papoulas, símbolo da cidade (pelo menos para mim e é que importa). Existem milhares de floriculturas e floristas espalhadas por Paris. Aproveite para se deixar encantar com uma flor e desviar um pouco o olhar das vitrines.
Post Scriptum: o Polidor não aceita cartão de crédito desde 1845.
Amanhã eu conto mais.
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