Memórias e saudades

Lembranças do Braz Santana e do Arrastão

Por Maria Antônia de Medeiros

Maria Antônia , 67 anos, aposentada do Banespa, no Mirante S. Antônio de CaraguáBraz Ricardo Santana partiu ontem para o plano espiritual, fiquei muito triste, mas a gente sabe que todos iremos fazer essa passagem, então só me resta homenageá- lo com minhas lembranças maravilhosas do tempo em que passamos juntos!

Conheci o Braz mais de perto em 1976 eu tinha 19 anos e ele 38 anos, eu fazia estágio na Caixa Económica Estadual, eu era amiga de todo mundo principalmente os mais maduros que frequentavam o Arrastão, que era propriedade dele e a melhor casa noturna da cidade, toda sexta feira e sábado eu descolava uma carona e ia pra lá

Leia aqui Morre Brazinho Santana 

Eu gostava muito de dançar e dançava muito bem, o que chamou a atenção dele. Eu sempre levava passos de discoteca novos e fazia a alegria da pista de dança. Começou assim a nossa amizade. Eu sempre ia na cabine dele, que era muito reservada, assim como ele, e sugeria música. Na época, ele era casado com a Neusa, uma mulher forte e muito legal também que comandava o bar. Logo fiz amizade com ela também e quando via que ela estava muito apurada no bar eu ia ajudar, servindo drinks e lavando louça e, claro, bebendo de graça rsrs.

O Braz passou a não cobrar meu ingresso e quem fosse comigo e eu pedisse ele também não cobrava, é claro que eu não abusava porque ele era bravo. Ele era muito respeitado por todo mundo e dizem que era muito bom de briga, confesso que nunca o vi brigando, mas se ele visse da cabine dele algum abusado ele colocava prafora com muita autoridade e isso presenciei várias vezes.

Braz Santana e suas sobrinhas caçulas Tania Santana

Às vezes eu bebia demais e ele e a Neusa não me deixavam pedir carona pra ir embora. Então eu dormia na casa deles que era conjugada com a boate.  Passei até a ter o meu quarto lá. Quando ele se separou da Neusa ficou muito mal, eu já trabalhava no Banco Banespa (atual Santander). Nessa época, eu o apoiei o tempo todo e ficamos ainda mais amigos, como irmãos. Eu tinha muitas amigas de São Paulo e apresentava pra ele, que chegou a namorar várias delas. Nessa época, saíamos todos do Arrastão direto pra praia, com cerveja, lanches etc… e passávamos o dia lá. Ele nos levava a várias praias, como da Lagoa Azul,  jogávamos frescobol, e nos divertiámos muito. Detalhe ele era geração saúde não fumava e bebia muito pouco

Leia também de Maria Antônia Menina do Tinga lembra catástrofe Caraguá de 1967   

Assim foi nossa amizade até eu ir morar em São Paulo em 1981 e me afastar dos meus amigos daqui,  inclusive dele , porque não tínhamos celular, rede social e a gente ia se afastando. Quando voltei pra Caraguá  em 2014,  eu o procurei algumas vezes sem sucesso, ele não estava nunca em casa, sempre no mar pescando. Depois o encontrei uma vez no lava rápido que eu tinha na Frei Pacífico Wagner, ele tinha ido no escritório de contabilidade que ficava  ao lado. Sentamos na porta e conversamos por mais de uma hora, sempre recordando tudo que tínhamos vivido. Demos muita risada, ele disse que estava muito bem e estava mesmo.  Nos despedimos com a promessa de nós ver que, o  não se concretizou!

Braz,  meu amigo, uma pessoa tão generosa, tão amiga, tenho certeza que você está sendo muito bem recebido no Plano Espiritual e que esse acolhimento seja de muita luz! Nunca te disse, mas te amo meu amigo!

A Homenagem  da Professora Sílvia Paes, pesquisadora da História do Porto

Os caiçaras antigos do Porto Novo estão indo de mansinho. Que a viagem seja leve às outras dimensões. Virou estrela do mar.

Silvia Paes na festa dos Reis Caiçaras do Porto, seu bairro. Foto Roaldo Fachini

Artigos relacionados

Um Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo