Diário de Paris, 02 de Narço de 2023
Crônica fotos de Marcus Ozores
‘Bon Jour tout le monde’. Como previsto minha sobrinha Victoria chegou hoje, no aeroporto de Orly, acompanhada de sua amiga Jana. Saímos do apê as 9h00 para ir ao aeroporto buscá-las. Hoje, novamente Paris nos presenteou com um sol maravilhoso e temperatura baixas, que aos pouco foram subindo, ao longo do dia. Como hoje é dia 2 do mês de março, e ontem não saímos do apê, tive que entrar na estação da linha 4 para carregar o cartão Navigo para mais um mês.
Na boca da entrada do metrô, localizado na esquina da rue d’Alesia e Avenue de General Leclerc, uma senhora de uns 60 anos e um jovem de, no máximo 25, distribuíam papel para convocatória da greve geral agendada para o próximo dia 7 de março, próxima terça-feira, para protestar contra a reforma previdenciária do governo Macron que altera de 62 para 64 anos a aposentadoria. A convocatória promete paralisação de todos os serviços públicos de Paris e todo o país. O dia de greve geral faz parte da convocatória intersindical com participação das grandes Centrais Sindicais e Interprofissional. Se realmente a greve ocorrer será um transtorno para quem está nas grandes cidades franceses e, em Paris, em particular. Île de France formada por Paris e Banlieue (cidades periféricas) que conta com aproximadamente 12 milhões de habitantes (Sampa tem mais de 20).
Essa população é atendida por 14 linhas de metrô (estão construindo uma nova que vai até o aeroporto de Orly, prevista para o ano Olímpico, 2024) com total de 303 estações, 5 RER (linhas de trem de subúrbio que cruzam Paris) com 277 estações, 179 linhas de ônibus e 12 linhas de bonde que circulam por toda Périphérique (bola que circunda Paris. Tudo que está dentro da bola é Paris e tudo que está fora da bola é Banlieue, ou periferia que forma Île de France). Daí, dá uma inveja danada dessa cidade quando a gente volta para o Brasil e, em Sampa, em particular.
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Há 3 anos atrás, quando estivemos por esses lados do Atlântico, desembarcamos no final de dezembro de 2019 com greve dos transportes públicos. E parou tudo mesmo durante quase três meses. Nem chegamos a recarregar as cartas Navigo, pois, não havia transporte de jeito nenhum. A linha quatro, que corta a cidade de norte a sudoeste, só operava de manhã bem cedinho, hora do almoço duas horas e curto período de mais duas horas no final do expediente, por volta das 17 às 19 ou 20 horas. Nessa época os jornais televisivos se dividiam em uma balanço de duas notícias. A greve e o inicio da pandemia da Covid 19, que entre janeiro e fevereiro de 2019, esteve fazendo estragos no Itália. Por sorte partimos no dia 28 de fevereiro de 2020, uma semana antes de fechar tudo por aqui e, em seguida, no Brasil.
Por outro lado, como os parisienses sempre dão um jeito para continuar ocupando as ruas da sua tão amada cidade, durante a greve de 19/20 puseram-se a se locomover de bicicletas, bicicletas elétricas, patinetes motorizados ou não e eventualmente os carros elétricos distribuídos pelas esquinas da cidade. Agora, escrevendo esse diário, me dou conta da redução sensível de veículos elétricos à disposição da população, ao mesmo tempo que cresceu sobremaneira aluguel de bicicletas e patinetes elétricos que se vê pelas ruas e calçadas. Tomem cuidado por aqui ao caminhar, pois, a preferência nas ruas e nas calçadas é do ciclista, mesmo que você proteste não vai mudar nadica de nada e se tão tomar cuidado você é atropelado por um ciclista menos atento que ainda te xinga por você incomodá-lo no ‘trottoir’.
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Vou confessar um detalhe para vocês. Eu e Wilma já viemos inúmeras vezes – nem sei mais quantas – a Paris e sempre voltamos (claro que a Biblioteca Nacional da França e a EHESS veem em primeiro lugar nas preocupações) e se justifica, é o que deduzo cada vez que fico mais velho, pelo direito de se sentir cidadão. Isso mesmo, pode parecer meio ridículo dizer isso, mas aqui em Paris você ainda pode caminhar qualquer hora do dia e da noite sem ter medo de ser assaltado por um motoqueiro (não que não exista, mas é raro e quando há, a punição é muito grande).
Outro detalhe mais importante que tudo, para nós que estamos em provecta idade. As calçadas são perfeitas. Afinal você cidadão, só muito raramente encontrará uma calçada com buraco (nunca vi sem estar sinalizada) e o melhor daqui, as calçadas são largas, muito largas com exceção, é claro, da parte medieval que você ainda encontra no Quartier Latin. Fora isso a cidade, desde que Napoleãozinho (aquele do 18 Brumário do velho barbudo, lembram?) e seu fiel escudeiro, o Barão de Hausmann, projetaram a nova Paris, na segunda metade do século XIX, foi mesmo para humilhar a todas as outras cidades que existiam no mundo até então. E humilharam tanto que Paris passou a ser modelo de cidade civilizada.
Quem mora em Sampa e Rio basta olhar o entorno dos Teatros Municipais e vão entender o que estou falando. O Rio, muito mais que Sampa quando Pereira Passos foi prefeito da cidade (1902 – 1906) botou o centro da cidade ‘na chão’ na política que ficou conhecida com “Bota Abaixo” todo o centro e todos os cortiços. Deixou o Rio lindo (para os ricos, é claro) e no ano de 1908, Rodrigues Alves, então presidente e quem havia escolhido Pereira Passos prefeito, pudesse comemorar naquele ano, o Centenário da Abertura dos Portos, quando nosso Dom Joãozinho VI aportou em Terras de Pindorama e, num toque de dedo, inventou o Brasil. Aí é outra história e não vou dar aula nenhuma. A noite vamos sair com nossa sobrinha e amiga para passear no Quartier e depois atravessar a ‘Pont au Change’ direção Chatelet , para que as meninas possam ver a imagem ao longe da Torre Eifel toda iluminada e, como hoje é noite de Lua Crescente, talvez sejamos presenteados com São Jorge empinando seu cavalo, num céu prateado.
Amanhã tem mais.
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