Diário de Sampa, 21 de março de 2023 ( Dia da Poesia)
Vídeo e apresentação de Marcus Ozores
Hoje é dia da Poesia. Então retornamos excepcionalmente com o Só a Poesia nos Salvará para homenagear a poesia e os poetas com poema de Manoel de Barros Matéria de Poesia. Assista o vídeo acima e leia o poema abaixo.
Matéria de Poesia
Manoel de Barros
(Do Livro “Matéria de Poesia” disponível aqui no link
1.
Todas as coisas cujos valores podem ser
disputados no cuspe à distância
servem para poesia
O homem que possui um pente
e uma árvore
serve para poesia
Terreno de 10 x 20, sujo de mato — os que
nele gorjeiam: detritos semoventes, latas
servem para poesia
Um chevrolé gosmento
Coleção de besouros abstêmios
O bule de Braque sem boca
são bons para poesia
As coisas que não levam a nada
têm grande importância
Cada coisa ordinária é um elemento de estima
Cada coisa sem préstimo
tem seu lugar
na poesia ou na geral
Veja mais sobre autor em Só a Poesia nos Salvará aqui
Manoel Wenceslau Leite de Barros (Cuiabá, 19 de dezembro de 1916 — Campo Grande, 13 de novembro de 2014) foi um poeta brasileiro do século XX, pertencente, cronologicamente à Geração de 45, mas formalmente ao pós-Modernismo brasileiro, se situando mais próximo das vanguardas europeias do início do século e da Poesia Pau-Brasil e da Antropofagia de Oswald de Andrade. Com 13 anos, ele se mudou para Campo Grande (MS), onde viveu pelo resto da sua vida. Recebeu vários prêmios literários, entre eles, dois Prêmios Jabutis e foi membro da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras.[2] É o mais aclamado poeta brasileiro da contemporaneidade nos meios literários. Enquanto ainda escrevia, Carlos Drummond de Andrade recusou o epíteto de maior poeta vivo do Brasil em favor de Manoel de Barros.[3] Sua obra mais conhecida é o “Livro sobre Nada” de 1996
Manoel de Barros em foto montagem da Prefeitura de Piraquara-PR