Elas Não se Calam: As Histórias Proibidas e a Força das Mulheres que Desafiam o Mar e o Machismo
A Mulher que Luta Contra o Esquecimento para Salvar a Alma Caiçara!

Quero contar uma coisa para vocês… Todas as quartas-feiras deste ano, até meados de dezembro, estarei às 16 horas na Casa Brasileira, em São Sebastião, homenageando mulheres deste nosso Litoral Norte paulista.
Esse evento está baseado no livro “Mulheres, Sua Vida, Sua Força”, que lancei no dia oito de março do ano passado. Como digo em seu prefácio: “Ouvir a voz da mulher, suas reivindicações e aspirações, se faz fundamental para a sobrevivência neste planeta Terra, que também é feminino, mulher, Terra Mãe, útero ancestral do qual surgem a vida e o alimento”.
E tanto a Terra como a mulher vêm sendo massacradas neste sistema econômico capitalista e machista, que só vê o lucro na sua frente e não o ser humano.
A teóloga ecofeminista Ivone Gebara, que faz a introdução do livro (para orgulho meu…), é categórica ao lembrar da importância das pequenas histórias de mulheres, para “torná-las histórias de nossa cultura, alma e substância de nossa história real cotidiana”.
A primeira destas maravilhosas mulheres que será entrevistada é a contadora de histórias Neide Palumbo. Neide conta que “eu cresci com minha cidade (São Sebastião), desde o tempo em que era uma aldeia até agora, quando não se acha lugar para estacionar o carro”.
Ela é famosa por suas histórias contadas com o sotaque típico dos caiçaras. Neide resgata os “causos” da região, o que aconteceu neste litoral, com muita graça. Como, por exemplo, o caso das latas de maconha que vieram parar nas praias de Ilhabela e São Sebastião e que os caiçaras achavam ser chá que combatia dores.
Para ela, fazer rir as pessoas, “deixando-as mais felizes, nem que seja por um momento, é o que almejo com meu trabalho”. E não há quem não ria durante suas apresentações.
Seus “causos”, na realidade, são “pasquins” caiçaras – uma forma de manter a cultura e a vida de uma comunidade ancestral através da oralidade. De certa forma, Neide continua o trabalho da antropóloga Gioconda Mussolini, que resgatou os pasquins de Ilhabela e que hoje estão preservados na Universidade de São Paulo – USP, onde trabalhava.
Neide será acompanhada pela cantora Yara de Moraes, do grupo Caiçaríssimo, especialista em músicas ligadas ao mar. Sim, porque esse evento se chama “MULHERES DO AZUL”. Mulheres que vivem à beira do mar, esse mar e essa praia que têm um papel fundamental no cotidiano de suas vidas.
Viva a cultura caiçara, viva as mulheres do mar azul!