Texto : Pitagorasbompastor
Foto : Facebook do homenageado
Morreu hoje en Caraguatatuba o Jornalista Roberto Espíndola . Uma rápida passagem pelo seu facebook como fiz hoje – e de onde printei a foto acima- já mostra a sua relevância na política e na imprensa do Litoral Norte. Sem dúvida ele pode ser considerado um espécie de Roberto Marinho caiçara.
Em 1979 ele adquiriu a Rádio Ocêanica, uma modesta rádio fundada em 1957, mas que apesar de ter uma boa audiência, já que era a única que atendia Caraguatatuba , Ilhabela e São Sebastião, não tinha relevância nem força política.
Faltava aos donos anteriores, Carlos Rodrigues, depois Germano Shimidt e depois Hugo Apuleo, uma visão mais política desse meio de comunicação. Era uma rádio antiga e funcionava nos moldes antigos. Os locutores eram que tinham representatividade , não a emissora.
Em 1979 , Roberto então um turista morador que tinha uma casa em Caraguatatuba , resolveu comprar a Rádio. Imediatamente começou a mudá-la. Rapidamente a Rádio ganhou estilo de rádio grande . Reforçou o Jornalismo trazendo Salim Burihan; transformou o locutor J.R. Forlim num formador de opinião, criando o programa A Cidade Se Comunica, que trouxe os problemas , principalmente de Caraguatatuba para dentro da emissora. A Rádio que antes tinha só audiência passou a ter respeito do povo que ali encontrava eco nas suas críticas. Roberto Espíndola por sua vez, jornalista e radialista experimentado, passou a ser temido e respeitado, como nunca outro jornalista local soubera se impor.
Ajudou o fato de ele ter uma independência financeiramente, coisa que a maioria dos outros donos de pequenos jornais não tinham e quem tinha não queria briga.
Depois ele expandiu seu poder adquirindo o então moderno e bonito Jornal Expressão Caiçara, criado pelo competente jornalista Lázaro Macedo, ex-Vale Paraibano.
Espíndola era um homem de peso e sabia fazer esse peso recair sobre eventual político de que ele não gostasse. A sua mídia passou sim a influenciar como nunca a política local e regional. Ele teve participação direta na primeira eleição do prefeito Antônio Carlos, em 1996. embora não tivesse assumido a campanha diretamente até porque era amigo de Bourabeby, o derrotado. Dois anos antes também influenciou na eleição do Deputado Sebastianense Paulo Julião. No seu tempo a Rádio Oceânica tinha no Litoral Norte uma relevância comparada sim á Globo e ele era portanto o nosso Roberto Marinho Caiçara
Apreciador e colecionador de arte, Roberto tinha obras fantásticas em sua casa e na própria Rádio. Era um homem requintado e de bom gosto.
Como empresário de sucesso, no entanto, tinha que pensar em seus negócios e a mídia era a sua principal base. Por isso desagradou a muitos. Empresas não são feitas para agradar, são feitas para dar lucro. Muito dos que não gostavam dele talvez fossem movido pela inveja. Ele tinha poder, charme e riqueza e isso tudo junto não é pouco.
Uma coisa ninguém pode contestar, no entanto, era um profundo apaixonado pelo litoral Norte e principalmente por Caraguatatuba. Na década de 80, achou que em 87, bancou uma campanha linda de amor á cidade, com jingle é tudo , intitulado ” Caraguá eu gosto de você” que poderia e deveria ser reeditada. Chegou a criar uma tradição , a procissão de São Gonçalo e nisso demonstrou sua força. Afinal, não é fácil impor um novo santo na cidade que já tinha os seus diletos, o Santo Antônio padroeiro e São Pedro Pescador.
Hoje ele morreu subitamente de ataque cardíaco, em sua casa. Aliás não morreu transformou-se em património da história de Caraguatatuba. Tanto que foi o Arquivo Público Municipal Arino Santana de Barros que primeiro anunciou e lamentou sua morte. Aliás, o Espíndola além de sua família e amigos, vai fazer muita ao Arquivo Público Municipal, porque ele era sem dúvida o seu principal apoiador. Descanse em paz Roberto Espíndola.
VEJAM A NOTA DO APMC DE AUTORIA DA HISTORIADORA DENISE LEMES