Texto Pitágoras Bom Pastor
Dia 8 de julho passado, o multi-atleta e multi-ativista de Caraguatatuba, Rodoaldo Graciano Fachini, o Dadinho, que é considerado por muitos umas das maiores referências de Caraguatatuba, tanto na área esportiva quanto no ativismo social, completou 79 anos de idade. Magro, com uma pele ainda bem conservada, alto, a melhor descrição que já vi sobre ele foi a do poeta Marinho Tíbiriçá Pimenta, que conheceu Dadinho no seu auge de atleta, es nas décadas de 50 , 60 e 70. Disse-me Marinho: – Toda a vez que vejo Dadinho passar me vem a seguinte imagem: ” lá vai o dadinho Jogar seu basquete.” Parece que ele ainda é aquele atleta em plena atividade” . Dadinho amanhã, vai ser o entrevistado as 20h no nosso canal no Facebook , no Programa Caiçaberes, no seguinte link.https://www.facebook.com/cancioneiro.caicara .
Dadinho foi pioneiro na cidade em vários esportes como o : basquetebol, voleibol, judô e em todos se destacou. Mas, como caiçara, sua maior paixão sempre foi o mar. Reclama que há tempos, devido a pandemia , não tem podido ir à praia. Então hoje eu resolvi conversar com ele sobre essa sua profunda ligação com mar e sobre seu pioneirismo também nos esportes marinhos, na cidade de Caraguatatuba.
UMA FOTO , UMA PREDESTINAÇÃO
A foto acima de Dadinho e seu irmão Roberto Fachini , tirada no quintal da sua casa, que também era a Pensão Garrido ( no centro de Caraguatatuba) por volta de 1948, é uma das mais populares do acervo do APMC Arino Sant’ana de Barros. Tanto que vai ser a capa do livro número 3 do Grupo de Poesia Fieira de Timbopeva e já serviu de inspiração para um Trabalho de Graduação de Arquitetura, do qual em breve trataremos aqui nesse. Nela Dadinho foi retratado por um turista hóspede que pediu para que eles segurassem a fieira de peixes roncador que um pescador fora vender para seu pai. Parece que naquele momento, o turista estava registrando o nascimento de dois futuros amantes do mar e dos esportes marinhos. Mais tarde esse fato se comprovou como contaremos a seguir.
UM TURISTA PEREGRINO DE 11 ANOS E SUA PAIXÃO POR CARAGUATATUBA
Dadinho conta que seu pai, Antônio Fachini, com 11 anos de ano era já órfão de pai e arrimo de sua família. Com essa idade o menino já sustentava a a mãe viúva e irmãos. Mas uma vez por ano pelo menos, o jovem que morava em São José dos Campos, gostava de fazer turismo. Foi a partir dessa época que ele se integrou a um grupo de jovens de São José dos Campos que vinham “curtir” uma praia em Caraguatatuba, isso no ano de 1910. Não havia transporte, nem estrada, exceto picada para tropa de burros. Eles vinham a pé mesmo, numa viagem que durava 2 dias.
Em 1939, Antônio que era dono da Padaria Estrela, na Rua Rubião Junior, em São José dos Campos, depois de ficar viúvo e se casar em segundas núpcias com Ana Francisca Fachini (a mãe do Dadinho), resolveu realizar seu sonho. Mudou se de mala e cuia para Caraguatatuba. Nessa cidade comprou a Pensão Garrido e ali se estabeleceu. Ali também nasceram seus filhos que se tornaram famosos no esporte, Robertão, em 1940, Roaldo Dadinho, em 1942, Ronaldo , o “Juca” em 1947 e o famoso Professor Roaldo , o Suingue ( que trabalhou em todo Litoral Norte) e também a sua filha caçula, Maria Helena.
O MAR
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Dadinho conta que ele e seus irmãos começara frequentar a praia por volta de 1946. Quem o levava ora era o seu cunhado, Artur Vasconcelos – casado com sua irmã mais velha ( do primeiro matrimônio de seu pai), Maria de Lourdes – ora era o capitão médico do Exército, o Valeriani, que se tornara hóspede contumaz da Pensão. Eles o levavam na praia do centro que na época , em toda a sua extensão, era um manguezal com pequenas faixas de areia. Nesse manguezal ele gostava de brincar e pescar siri. Daí aprendeu a pescar com picaré e com puçá . Na praia central conseguiam pescar muito camarão e tainha. “A praia foi aterrada pela equipe da Malária ( atual Sucen) para combater o mosquito vetor da doença malária. Foi uma obra gigantesca comandado pelos funcionários Antônio Matheus ( que depois foi prefeito de Caraguatatuba por duas vezes), Fioravante Paschoalin e Irineu Meirelles. Eles tiveram que desviar os Rios Guaxinduba e Santo Antônio para tirar terra para fazer esse gigantesco aterro. O Guaxinduba por exemplo que desaguava no Camaroeiro , foi desviado para o Martim de Sá e o Santo Antônio antes passava por trás da Igreja, conta Dadindo”.
Ele diz que na época a única praia frequentável em Caraguatatuba era essa do centro apesar do mangue. Prainha e Martim de Sá e as outras praia da zona sul ficavam no mato e nelas raramente se ia. O que havia era uma fartura de peixe muito grande, completa. ” Uma ocasião – diz Dadinho- , nessa época, um pescador do Porto Novo, seu Manoel Silva, pescou no Rio Juqueriquerê, no Porto Novo, um Mero de 180 kg. ” Nesse rio também se pescava muito robalo.”
Dadinho e Roberto foram para São José dos Campos fazer o Colegial, no colégio João Cursino e lá praticaram natação na Associação Esportiva Joseense. Em 1962 Roberto foi o primeiro caiçara nato de Caraguatatuba a completar a prova Natatória Caraguá-Ilhabela. Nesse ano, essa maratanoa aquática de 21 km, , devido as péssimas condições de mar , foi uma das mais difíceis de todos os tempos. Dos 15 nadadores que largaram, só 7 conseguiram completá-la, Roberto consegui chegar em 5° lugar. Um feito fabuloso para época.
Em 1957 Dadinho e Roberto , junto com os irmãos gémeos Manoel de Jesus e Tobias de Jesus, começaram a praticar Pesca submarina, que aprenderam com Edson Passos, filho da Dona Binoca do Hotel. Essa história e a história dele também como pioneiro, no Iatismo vamos contar com mais detalhe na terça- feira próxima. Na segunda feira, às 20h, ele vai contar um pouco sobre suas vivências no mar, no nosso prgrama no Facebook. O Caiçaberes. Assistam pois amanhã no Facebook, às 20h , no seguinte Link www.facebook.com/cancioneiro.caicara e aguardem na próxima edição, mais detalhes sobre a vida esportiva de Dadinho.
24/07/2021