Texto Pitágoras Bom Pastor
Roaldo Graciano Fachini , o Suingue fez em 12 de agosto de 2021, 77 anos. 48 anos dessa sua vida ele se dedicou à Educação. Formado professor em 1966 , na Escola Normal de São Sebastião, desde esse ano ela começou a dar aula. Como professor rodou todas escolas em todas as ciades da região, mas foi em Ubatuba, onde iniciou seu magistério, que teve as maior4es dificuldades. O problema é que não havia locomoção e a cidade tem um extenso liotoral de mais de 70 km. Era muitas vezes em longas caminhadas que o professor tinha que cumprir o seu mister.
Roaldo nasceu em Caraguatatuba, em 1944, no centro da cidade. Seu pai seu, Toniquinho, tinha uma pensão na cidade. Lá certa feita se hospedou uma Canadense, esposa do diretor da Light, Robert Larry o qual se recuperava de uma fratura de perna. Cecilia era o nome dela. Ela gostava de tirar o menino Roaldo do berço ( ele tinha 3 anos) e chama-lo para dançar swing. Os empregados da pensão pensaram que suingue era a tradução do nome Roaldo em inglês. Então passaram a chamá-lo de Suingue. Esse apelido ficou com ele de tal forma que em Caraguatatuba e na mesmo na sua família seu nome foi suplantado pelo apelido . Todos o conhecem por Suingue.
A Escola Normal de São Sebastião formava lideranças
Roaldo Suingue fez parte da primeira turma de alunos da Escola Normal de São Sebastião, antigo curso técnico destinado à formação de professores. Inaugurada em 1963, ela foi a primeira escola técnica do Litoral norte e também a primeira em nível do que hoje se chama ensino médio. Essa escola, entretanto, parecia uma faculdade, de tão boa que era. Grandes professores deram aula lá; inclusive a jornalista Priscila Siqueira e seu marido João Siqueira ( que depois foi prefeito de São Sebastião). Não por acaso grandes lideranças da política em toda região estudaram lá. De Caraguatatuba por exemplo, 2 ex-vice prefeitos, Silvio Ferreira e Lucio Jacinto; duas ex- vereadoras, Madalena Fachini e Vera Peixoto. (O marido de Vera, Dúlio Peixoto e o marido de Madalena Rodoaldo Fachini Dadinho, também foram vereadores, graças ao prestígio de suas esposas) . Também a ex-primeira dama de Ubatuba Maria Aparecida Pinho , mulher do ex-prefeito de Ubatuba José Nélio de Carvalho estudou lá. Isso para contar apenas os alunos das primeira turmas. Raquel Teixeira Leite foi outra ubatubense de destaque que era dessa primeira turma.
As duras caminhadas pra dar aula em Ubatuba
Roaldo conta que a primeira escola que pegou foi na praia da Caçandoca, no quilombo. Por uma semana ela ia e voltava todo dia de sua casa em Caraguatatuba. Precisava sair cedo. Ia de ônibus até a Maranduba e de lá seguia a pé numa longa caminhada. A primeira vez que foi, seu pai ainda que usando bengala , e seu irmão Juca, o levaram até o topo do morro da Praia do Pulso. Lá o deixaram e disse-lhe Toniquinho: ” diga aos moradores da Caçandoca que você é filho do Toniquinho”. Bem recebido na praia, mais tarde é que veio saber que seu pai havia levado muitos moradores daquele local para São José dos Campos para tratamento e internação de tuberculose ou pneumonia. O detalhe é que Toniquinho, ou seu Antônio Graciano Fachini, não cobrava dos moradores pela ajuda. Por isso era amado lá. Roaldo lembra com saudades daquela comunidade. Principalmente do seu Leopolpo e da Dona Maria , que havia sido escravos e lhe contavam muitas histórias. ” Pena que não havia celular naquela época”, lamenta-se ele.
Ele lembra que na época, a praia do pulso pertencia à atriz Madalena Nichols. Segundo ele a Caçandoca era um lugar muito mais bonito do que é hoje, mas pela falta de condução era muito difícil chegar lá . Ônibus para Ubatuba só havia de 3 em 3 horas. Muitas vezes ele vinha a pé até Caraguatatuba. Saía da Caçandoca, passava pelo Saco da Raposa, Saco das Bananas, Lagoa e Tabatinga. Depois vinha até Caraguatatuba.
De Ubatuba até a praia de Camburi a pé para aplicar provas
Em dezembro de 1966 Suingue e mais dois colegas receberam uma missão da Delegacia de Ensino. Deveriam levar as provas de final de ano que vinham de Taubaté para todas as praias da Costa Norte de Ubatuba, uma por uma e aplicá-las. Foram de barco até a praia do Felix. Aplicaram as provas e dormiram lá. No dia seguinte os dois colegas desistiram. Ele prosseguiu sozinho, de praia em praia, até a divisa com o Rio de Janeiro e cumpriu sua missão. Uma caminhada de mais de 40 km feita em trilhas precárias. Em 1967 ele foi designado para o Ubatumirim. Chegando lá não havia escola. O prédio era de pau a pique e havia caído. Voltou desanimado e todo dia ia para Ubatuba reclamar com o prefeito Cicillo Matarazzo. De lá foi para Ilhabela e deu aula na Barra Velha. Dois deu aula também no Juqueí e de lá veio dar aula no ginásio Thomaz Ribeiro de Lima, em Caraguatatuba. Em 2004 ingressou por concurso na Prefeitura Municipal de São Sebastião e deu aula até naquela cidade até 2014.
Com tanto tempo nas salas de aulas, Suingue no entanto declara seu amor pela educação. “Com quase 50 anos de magistério, não posso reclamar de nada” Suingue declarou ainda que tem muito amor por Ubatuba e se lembra com saudades das festas na casa da dona Maria Balio, onde ele ia com sua colega de magistério, Cida Balio, filha da dona Maria. Maria, que era da Maranduba e chegou a ser professora leiga, foi uma das maiores lideranças de Ubatuba. Mas, além dela, Roaldo também destaca duas mulheres ubatubenses , que conheceu: Regina Lefevre e Idalina Graça .
No vídeo acima , você pode conhecer toda a história desse interessante personagem da educação no litoral norte. Ele deu entrevista e contou sua vida em detalhes , ao programa Entre as Mulheres no Facebookda Cancioneiro, realizado dia 5/08/2021, apresentado por Dorcas Nascimento e Ana Maria Frenandes , que contou ainda com a partipação de Pitagoras Bom Pastor e Vania Pinto de Abreu. Vale a pena assistir.
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