Na praia do Garcez , sita próxima ao mercado de peixes do canto do Camaroeiro, em Caraguatatuba há uma estátua natural de uma freira que virou pedra. Pita do Tinga*, fofoqueiro e istoriador sem h, correu atrás dessa história e acabou descobrindo a verdade. Uma famoso pescador do Ipiranga é o verdadeiro autor do pecado que levou essa freira a ser condenada por Deus. Trata-se do pescador e tocadô de macheto Sebastião Messias Purissa. Liso como um bagre, ele não confirma a história, mas també não há desmente. Pita então resolveu contar essa história em verso que ficou assim: “fiz minha pesquisa nos Anais do arquivista da torro de tombo e acabei encontrando essa a historia , a ser confirmada pelos antigos.”
Tião Purissa e a Freira da Pedra
.
Quando Anchieta chegou
Pras bandas de Caraguá
Encontrou cenário estranho
Coisa para se admirar
.
Uma estátua duma freira
Chorava olhando pro mar
Era de pedra bem dura
Ele quis lhe interrogar:
.
Quem foste tu, sinha dona,
Para essa pedra virar?
Qual o pecado cometeste ?
Que mal pudeste causar?
.
A Pedra lhe respondeu:
Meu santo, vou lhe contar:
Eu me ingressei num convento,
Prometendo não casar.
Afinal em Portugal ,
Homens são meio sem sal,
Que faz a gente enjoar.
Cheguei cá no paraíso,
Terra do Caraguatá ,
Aqui perdi meu juízo,
Num baile fui pra olhá.
Nesse baile um índio lindo ,
Me chamou para dançá,
Era o Cacique Purissa,
Devoto a São Bastião,
Era calmo qual Melissa,
Canta e toca violão.
Aquilo mexeu comigo,
Não resisti ao perigo
Vim com ele Pra esse abrigo,
Quase caio em tentação.
Mas como havia jurado,
Não me entregar á paixão,
Lá do do mar veio uma onda,
Me fez a transformação.
Virei essa Pedra da Freira,
Purissa foi castigado,
Largou do barco e pescado,
Toca na semana inteira .
Desde esse tempo passado
Já se passou miliano,
E Deus segue com seu plano,
Contra o tal caiçara ousado.
Pior que ele tá “gostano” ,
Segue tocando e “cantano”,
Sem nunca sentir cansado.