“Canela fina” por que brava, Angélica do Santos se destaca na arte caiçara.
Angélica Santos, é uma caiçara de proa em Caraguatatuba. Neta, pelo lado paterno, de Chico Vitorino , o maior “fazedô” de canoa da cidade dos tempos passados e que também foi músico fundador do choro em Caraguatatuba, e neta, pelo lado materno, do Tião Izidoro, considerado o maior festeiro de Caraguatatuba de todos os tempos ( ele fazia a tradicional Festa de São Pedro Pescador do Camaroeiro), foi a entrevistada dessa quinta feira,30/09/2021, do programa Entre as Mulheres no Facebook da Cancioneiro Caiçara.
Ela se define como uma caiçara de canela fina, tal como eram suas avós , Maria e Zulmira. Isso segundo ele identifica, fisicamente uma mulher brava, tanto na defesa de crias , como de sua cultura. Por isso ela é uma defensora apaixonada do seu bairro, o Ipiranga, em Caraguatatuba. Ela tem sido a líder que vem lutando pelo resgate do verdadeiro nome do bairro, preconceituosamente chamado de “Risca Faca. ” Ela conta que esse apelido gerava e gera vários problemas para os moradores e ela mesmo sofreu muita discriminação, até na escola por causa disso.
Com a morte da mãe, a Rosa Maria, mais conhecida como dona Nenê, e mais tarde de seu pai, o violonista Anselmo 7 cordas. ambos vítimas da Covid, Angélica foi buscar na tradição da família , uma forma de transformar a dor sua em arte. Começou a trabalhar com arte em madeira, principalmente esculturas em folha de coqueiro. Brevemente ela vai estar expondo seus trabalhos na Feira de Artesanato de Caraguatatuba.
Angélica conta que na família Vitorino, na verdade familia Espírito Santo, há muitos artistas da madeira. Seu tio Antônio Cortez, o Baguinha, herdou do pai o talento para fazer canoas e hoje é um dos mais respeitados mestres nessa arte em todo Litoral Norte. Seu pai, o Anselmo 7 cordas, conhecido na cidade por ter sido o pioneiro no violão de 7 cordas, também era artesão. Nos últimos tempos de sua vida inclusive, Anselmo voltou a trabalhar com madeira. Um dia antes de morrer, ele estava terminando uma canoa em miniatura e um barco feito de palito. Era noite quando Angèlica o viu pela última e o fotografou em sua casa ( toda noite ela ia servir-lhe a janta). Anselmo trabalhava na canoa. Com o coração fraco, ele dormiu e não mais acordou. Angélica no entanto terminou a obra e hoje a guarda com carinho na sua casa. A canoa em miniatura exige toda a técnica de uma cano grande, explica Angélica, então Anselmo tinha tambéem habilidade para construir barcos. No entanto preferiu viver da construção civil, atuando proncipalmente como eletricista .
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Segundo Angélica, até mesmo seu tio Caco do Izidoro, um dos maiores mestres em esportes marinhos do Litoral Norte ( ele pesca, faz pesca submarina, fez surfe, fez prancha de surfe, é piloto de lancha e foi pioneiro no voo de asa delta na região) também é artesão. “Já vi meu tio fazendo coisas lindas em artesanato”
Neste programa Angélica da uma verdadeira aula de cultura caiçara, passando desde a pesca até a culinária, arte que ela também domina. Angélica também demonstra grande conhecimento da história do seu bairro e demonstra grande amor por Caraguatatuba, a terra dos seus ancestrais. Vale a pena assistir o vídeo abaixo , guardar e mostrar para sua família. O programa teve a participação de Ana Maria Fernandes, Pitágoras Bom Pastor de Medeiros, Arnaldo Passos e Dorcas Nascimento.
Angélica embora não pesque com a mesma regularidade de sua mãe, que segundo ela foi a única pescadora profissional do Ipiranga Camaroeiro, também sabe pescar e conduzir um barco, principalmente a canoa. Mas seu esporte preferido sempre foi o surfe, que praticava na juventude com seu falecido marido, Zé Penteado.
O Mar, a sua fauna e a pescas são os temas de Angélica
Nascida e criada na beira do mar, no quintal do seu avô Tião Izidoro, nde hoje é a Marina do Caco ( seu tio), Angélica já disse-me uma vez que se considera parte do ecossistema marinho. Até mesmo a sua alimentação é baseada em peixe.
Evidente que a sua obra também retrata essa sua história. Por isso a fauna marinha, nela incluída seu pescador e às a flora da Mata Atlântica são seus temas. Entre seus quadros há alguns que representam seus avós e outros que lembra outros familiares. Quem quiser Angélica, que também aceita convite para atuar em como culinarista em festas, e seus trabalhos, os quais podem ser adquiridos, anote no fim da matéria o contato. Abaixo , seguem algumas fotos de seus trabalhos.