Crônica Caiçara
Texto de João Batista Antunes – o Joban
Em homenagem ao Dia Nacional do Livro uma pequena história da minha infância com os livros,
Nasci litoral norte paulista na cidade de Ubatuba há 68 anos atrás. e na minha infância era difícil adquirir um livro por não existir livraria na minha cidade ou biblioteca com acervo que atendesse uma criança mudando para pré-adolescência. Por isso os possíveis livros que eu tinha acesso, eram os livros pertencentes a uma francesa que tinha casa de veraneio na Praia da Enseada onde eu morava e moro até hoje.
Ela emprestava livros da sua biblioteca particular para minha mãe e eu, com sete anos, também os lia. Minha mãe, D. Maria, que era conhecida como D. Maria Benzedeira, escolhia da estante os livros junto comigo na casa dessa francesa. Mamãe escolhia livros que lhe trouxessem conhecimentos sobre ervas, remédios e receitas, para ajudar no seu trabalho de curar as pessoas, porque nessa época havia apenas um médico, o Dr. Alberto e um farmacêutico, o Seu Filhinho para cuidar dos doentes , então minha mãe era muito procurada para cuidar de doentes, principalmente as criancinhas.
Nessa minha procura, um dia eu me deparei com um livro que amei só pela capa, porque sem poder ler o que estava escrito, a capa já despertou a minha imaginação. Perguntei a minha mãe que livro era aquele. .Minha mãe me respondeu que não sabia por que estava em língua estrangeira. Então ela perguntou para D. Lily, a francesa proprietária da casa, e ela explicou que era um exemplar do “Pequeno Príncipe” de autoria de Antoine Saint-|Exupéry, no idioma francês, mas que me traria um exemplar em português quando voltasse em janeiro.
Fiquei seis longos meses a espera, pois estávamos em julho, e ansiosamente sonhando com o livro. Quando ela veio em janeiro e me deu o livro e disse que era um presente de Natal atrasado. mergulhei na leitura e me identifiquei com a história, e por isso talvez, hoje também eu seja um escritor. Porque esse livro além de apaixonante mexeu com a minha imaginação. Me identifiquei com a história e com os personagens, como se a vida caiçara que eu levava, tivesse a mágica da vida daquele pequeno príncipe. E me fez sentir um pequeno príncipe caiçara tendo o mar como meu planeta diário.