O Causo da Mestra Proeira
Texto de Priscila Siqueira
Paraty, no litoral sul do Rio de Janeiro, é considerada a “cidade cenográfica” por excelência. Numerosos filmes nacionais e até mesmo estrangeiros foram rodados aí, por conta de seu casario histórico da época colonial brasileira. Um de seus prefeitos, o advogado José Cláudio de Araújo, conseguiu com o Governo Estadual do Rio de Janeiro, colocar toda a fiação de luz e telefonia abaixo do solo, deixando a paisagem colonial livre de acessórios de épocas mais atuais. Esse fato tornou a cidade o cenário ideal para filmes de épocas ou do interior do País.
Um dos filmes aí rodados foi “Tieta do Agreste” *, baseado na obra de Jorge Amado e que teve como artistas principais o italiano Marcelo Mastroiani e a brasileira Sônia Braga. Quando fui indicada para fazer a cobertura jornalística desse filme, sua produção me avisou: “Se Mastroiani falar com você em inglês, é porque está cansado, irritado e pouco disposto a dar entrevistas. Se falar em português ou italiano, é porque está numa boa”…
A entrevista com o famoso ator italiano se deu em inglês. Ele foi sintético em suas palavras e respostas, mas em nenhum momento se mostrou rude ou mal educado.
Já Sônia Braga era um doce de pessoa. Muito falante, simpática e até mesmo carinhosa, não se cansava de atender quem com ela quisesse falar. Foi em uma de suas entrevistas coletivas que aconteceu o espetáculo mais gozado e comentado durante toda a filmagem de Tieta.
Ela estava na beira da piscina do hotel onde estava hospedada, conversando com numerosos jornalistas, rodeada de muitos fotógrafos. Num determinado momento, a atriz se tocou que estava de biquíni, debaixo de um sol escaldante. No filme havia algumas cenas de nu. Como sua personagem não poderia ter marcas de roupas de banho no corpo, já que era uma cabocla do interior nordestino, a atriz não teve dúvidas. Tirou às pressas seu biquíni, ficando nua como Deus a pôs no mundo…
Esse ato espontâneo e intempestivo teve uma consequência trágica, mas ao mesmo tempo engraçada: com o susto causado pela visão celestial do corpo nu de Sônia Braga, um dos fotógrafos caiu na piscina de roupa, sapatos e o pior- com sua máquina fotográfica que nunca mais funcionou…
Nota da Redação: Conforme foi lembrado pelo nosso leitor Rubinho , delegado de polícia de Paraty nesta época (nos comentários), a jornalista Priscila Siqueira informa que na verdade o filme não foi “Tieta do Agreste”, mas sim, “Gabriela Cravo e Canela ” . A Cancioneiro agradece ao Rubinho pela reti-ratificação.
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