O Coqueiro
Crônica de Sérgio Pereira de Souza
Foto José Maria do Prado
Você veio para a varanda, puxou uma cadeira e sentou-se. Ficou olhando para mim, com um
aparência de tristeza e mágoa.
Firmou o olhar em mim e pensou: ”Quantos anos terá? Qual a sua altura? Talvez mais de
cinquenta anos e cinquenta metros de altura”.
– “ Você tem razão. Sou o coqueiro mais antigo e mais alto de Barequeçaba. Ninguém sobe
mais para me podar as folhas ou aparar os insignificantes cocos que produzo, com medo de
despencar lá de cima. Não se preocupe, ficarei aqui em frente de sua casa olhando tudo como
sentinela, até quando soprar o vento sul que sempre destelha as casas e me derrubará, mas
cairei no meio da rua, sem lhe causar dano.
Não estou gostando do se jeito aí sentado. Está pensando: “Esse mês completarei 84 anos,
sempre tocando meus objetivos. Quase todos foram alcançados, menos, talvez os mais
importantes: a generosidade, a cortesia e a prontidão de servir. Não foi por falta de
oportunidade, mas por falta de vontade. E agora? Daqui para frente ainda terei oportunidade
para mudar?”
Por isso você está triste e pensativo. Faça agora como eu, deixe o vento soprar e procure
escutar as suas mensagens, sempre nos ensinam, até o fim que nos derrubar”.
O vento sopra onde quer…