Crônica de Sérgio P. Souza
Hoje é sábado e levantamos mais tarde do que de costume. O dia estava com o céu encoberto por nuvens ralas, prenunciando uma garoa fina. Enquanto preparava o café da manhã, Juci me disse: é preciso tratar dos passarinhos.
Como todos os dias, sobre uma tabua larga e espessa, no jardim, coloquei a canjiquinha para alimentar as rolinhas, pardais, tico-ticos e um casal de canários da terra.
No comedouro, preso à pitangueira, coloquei mamão e banana para os sabiás, sairas e sanhaços.
Sentei na cadeira de balanço do terraço e fiquei apreciando o barulho e a alegria dos pássaros. Em cada extremo do terraço notei que lírios de um vermelho brilhante, cuja cor jamais poderia ser criada pelo homem, coroava de majestade e esplendor um dia que tinha tudo para ser insignificante.
Fiquei extasiado, num momento mágico, retido por uma presença misteriosa ,transcendente aos pássaros e flores.
Lembrei-me então das palavras de JESUS:
Por que estão ansiosos pelo que terão para comer e para vestir? Olhem os passarinhos que não semeiam, nem colhem, mas o Pai Celestial os alimenta. Não tem vocês mais valor que as aves do céu? Olhem, também, os lírios do campo que não fiam, nem tecem, mas, eu lhes digo que, nem Salomão em toda sua gloria, se vestiu como um deles. Se Deus veste a erva do campo, não vestirá vocês homens de pouca fe?
Permaneci por um longo tempo sentado na velha cadeira de balanço, gozando da alegria dos pássaros, da beleza dos lírios e da paz misteriosa de uma PRESENÇA invisível, mas real.
*Sérgio P Souza, é advogado aposentado e morador de Brequeçaba, São Sebastião-SP