As memórias do advogado Luiz Carlos de Oliveira, fundador e presidente do CCLN
Por Pitágoras Bom Pastor
Caipira de Barretos, o recém formado advogado pela São Francisco – USP, em 1976, o advogado Luiz Carlos de Oliveira e seu amigo quase irmão das arcadas, José Eduardo Alvarenga, deixaram a sua promissora banca de advocacia na capital e se mudaram pra então pequena cidade de Caraguatatuba. Na época a cidade não tinha mais que 6 advogados e acabar de fundar a Subseccão da OAB que na época abrangia todas as cidades do litoral norte.
Pouco tempo depois já arrumaram um problema na Ordem. Ah, mas não era nada relacionado com o exercício do direito, coisa que ambos era feras. O problema foi que Eduardo montou um bar e obrigou, ou quase, seu sócio de banca a também ser sócio no balcão, coisa que nenhum dos dois entendia, isso no ano de 1977. O nome do bar, só podia vir da cabeça de dois jovens do Largo do São Francisco. O nome era “HABEAS-COPUS”, um a ironia com o sagrado instituto das garantias individuais , o Habeas Corpus. Os tradicionalíssimos advogados de então, capitaneados pelo presidente da OAB local Dr. Noronha, torceram o nariz, mas deixaram passar.
Uma Placa Infame e a OAB se levanta
No dia seguinte, os jovens fizeram uma placa e colocaram no bar, com os seguintes dizeres :
“Aqui se reúnem, caçadores, pescadores, advogados e mentirosos”.
Aí o dr. Noronha não gostou. Abriu um processo disciplinar contra eles. No fim os absolveu e ainda passou a ser amigo da dupla e freguês do bar do Habeas-Copus. A placa no entanto, exageradamente considerada ofensiva à advocacia foi retirada em nome da paz na aldeia.
Eu conheci os dois advogados na inauguração desse bar, quando fui cobri-la para o jornal Impacto, do Monteiro Júnior. Era um bar muito requintado, e tinha excelentes e variadas batidas, preparadas pelo Eduardo Alvarenga. O local tornou-se frequentado pela boa sociedade local, especialmente pelos advogados, pelos juízes e promotores.
O Centro Cultural do Litoral Norte
Luiz Carlos na época, ia todos os dias à praia correr ou caminhar e numa dessas caminhadas conheceu ,o também advogado aposentado, José Maria Romeiro, um homem de vasta cultura, que se mudara para Caraguatatuba naqueles tempos para se tratar de um enfisema pulmonar
Romeiro preocupava- se com a Cultura que praticamente não existia na cidade, exceto por ações isoladas de uma ou outra pessoa, como a Professora de piano Maristela de Oliveira. Também não havia nada de documentação histórica ou fotos antigas da cidade. Romeiro então convidou Luiz Carlos a reunir outras pessoas interessadas na cidade e fundaram, em setembro de 1979, o Centro Cultural do litoral norte, da qual eu fiz parte como representante da juventude. No dia inclusive, fui um dos oradores
O Resgate da história da Fazenda dos Ingleses
O doutor Romeiro então iniciou um grande trabalho de pesquisa histórica. Nessa época , ele conheceu um antigo fotógrafo de Caraguatatuba que morava em São Jose, que lhe deu um negativo com fotos antigas de Caraguatatuba, que ninguém na cidade tinha. Hoje essas fotos estão na internet, pois foram publicadas no blogue do Toninho Felix desde d0 2012 – veja no link http://toninhofelix.blogspot.com/2012/01/fotos-de-caraguatatuba-antigas-anos-20.html . Hoje em dia elas também fazem parte do acervo do Arquivo Municipal Arino S. Barros. Aliás, Arino também fez parte do Centro Cultural e ajudou muito na pesquisa da história da cidade.
Um dos trabalhos mais importantes do Centro Cultural do L.N. , foi apoio que a entidade deu para que o memorialista ,Marino Garrido , pudesse escrever seu livro ” A Fazenda do Ingleses”. Foi o Dr. Romeiro que conseguiu o endereço do Mister Brandt, ex-chefão da Fazenda, na Inglaterra e conseguiu com ele, dados técnicos sobre a fazenda que rechearam o livro. O contato foi feito através de cartas. O Dr. Romeiro conseguiu também que a Universidade Santa Cecília publicasse o livro, sem custos para o autor. O Centro Cultural no entanto morreu anos depois por falta de apoio dos poderes públicos, mas deixou como semeadura que brotou mais tarde a Fundação Cultural de Caraguatatuba e até mesmo o Arquivo Público Municipal Arino Sant’Anna de Barros. Assistam , no vídeo acima, a entrevista do Advogado Luiz Carlos e saibam mais detalhes dessas histórias.