O causo da Mestra Proeira
Crônica de Priscila Siqueira
Esse “causo” me foi contado por uma idosa senhora de Curitiba:
Antigamente, no interiorzão do Paraná, quando morria uma pessoa importante, um
“coronel”- dono de fazenda ou uma pessoa querida na comunidade, usava-se fazer um
velório com muita comida e principalmente muita pinga, para receber os amigos do morto.
De certa forma, um velório significava uma festa onde seriam encontrados muitos amigos
e compadres que moravam distante e pouco se viam.
Num destes velórios concorridos, que durava a noite inteira, muitos já estavam dormindo
pelos cantos da sala, curtindo a bebedeira. Mas eis que – também resultado da pinga-
começou uma briga entre alguns dos compadres presentes no velório. Empurrão vai,
empurrão vem, e o caixão do defunto acaba no chão. Assustados os beligerantes pegaram o
corpo e o recolocaram no ataúde.
Na manhã seguinte, com alguns já meio acordados, o féretro estava pronto para sair ao
cemitério. Quando vão fechar o caixão, depois de muita choradeira das mulheres, o
“morto” de olhos esbugalhados grita: ”Estou vivo, estou vivo”…
Foi uma bagunça geral! |A viúva desmaiou, o pessoal saiu correndo com medo do
fantasma quando, finalmente perceberam que o verdadeiro defunto estava caído no chão
no meio de outros pinguços. Na hora da briga, haviam trocado o corpo do falecido por
outro que dormia placidamente curtindo sua bebedeira.
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