Nem Iara nem Iemanjá, socióloga e poeta Thayná Cristina é a cabocla que virou caiçara

Balaio Caiçara entrevista socióloga e poeta Thayná Cristina
A socióloga, poeta e atriz Thayná Cristina de Brito , uma autêntica cabocla de Macapá que em 2018 , apaixonada por um boto ( ou seria um broto? ) paulistano que reside em Ubatuba, se mudou para o Litoral e com ele teve um filho caiçara e se transformou numa cabocla caiçara. Thayná por razões acadêmicas e familiares teve que voltar para a sua terra onde faz pesquisas em aldeias e quilombos, mas em breve pretende retornar para a sua segunda casa, o Litoral norte. Ela foi a entrevista do programa balaio Caiçara de 29 de setembro. Formada em 2018, pela Universidade Federal do Amapá, ela atualmente faz pesquisas em aldeias indígenas e quilombos de Macapá.

Nesse programa, que excepcionalmente foi apresentado por Ana Maria Fernandes e Pitágoras Bom Pastor, ela fala de seu estado natal e da beleza de sua cultura. O poeta Joban Antunes , criador e titular do Balaio não pode apresentar o Balaio dessa quarta feira, mas deve voltar na quarta feira próxima. Joban Antunes , aliás foi o descobridor dessa talentosa macapaense e a convidou para co-apresentar o Balaio com ele. No programa foram apresentadas duas poesias de Thayná Cristina e uma poesia composta três Fieiras de autoria dos poetas Pitágoras Bom Pastor, Joban Antunes e David T. Garcia , nominada “Mente Vazia a Oficina do Capiroto” . Vale a pena assistir o vídeo acima.
Vejam abaixo as poesias, começando com as de Thayná:
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Os poemas de Thayná
Amazônia Rainha
Amazônia cabocla afro-ameríndia
Lar de onde sou
Umidade calorosa penetrante
Só existe calor
E chuva pra curar
Na pajelança, nas benzedeiras
Nas plantas, no rio
Amazônida é rio
Rio escuro e frio
Penetrante saber curativo
Resistência e lugar de diásporas
Povo originário
Origem de biodiversidade
Origem de luta
Origem de cultura
Sentinela nortente
Amazônia Rainha
O quebranto é cortado
Pela reza, pelo chá
Pela fé!
Encantados encantam
Amazônidas – Ervas Santas
Thayná Cristina Brito de Oliveira.

O Boto
O boto que me alumia
Na beira do rio
Me espia
Ai, boto safado
Ai, boto maroto
Se tu encostas em mim
Se sente caloroso
Boto das lendas amazônicas
Olho de boto do Nilson
No fundo dos olhos
De toda a paisagem
Nos olhos de terra
Imagens
De toda menina moça
Ilusão
Ilusão
Não em vão
boto das lendas
Cheias de emoção
Thayná Cristina Brito de Oliveira
O poema de Pitágoras, Joban e David
MENTE VAZIA É OFICINA DO CAPIROTO
Autores: Pitagoras Bom Pastor Medeiros; Joban Antunes ( JA); e David T Garcia
Parte 1 : Pitagoras
Eu andava meio triste
Cabisbaixo, cego e roto
Um anjo de dedo e riste
Parecido com um boto
Me disse levanta amigo
A tristeza não “eckxiste
È coisa do Capiroto.
Esse marvado, mardito,
Por Deus foi excomungado,
Por causa de Evi-Adão
Ter lhes mal aconselhado
Fazendo comer um fruto
Que não tava amadurado
Daí nasceu o Abel
Despois o Silvio Rangel (
Um poeta renomado.
Capiroto, Satanás,
Sujeito mal e atrevido
Que está sempre por trás
Do sofrimento sofrido.
Inventa problemas em vão
Que nunca houvera existido
Deixa o ateu e o cristão
Com o coração aturdido.
Mas eu escuto o refrão
Dum caiçara bem sabido:
“Se tem arroz e feijão
Só quem for mal gradecido
reclama ter depressão “.
Vida é boa , vida é bela
Se tem rede vá pescar
Quem tem fossa é esgoto
Trata da mente ocupar
Pois o tar do Capioroto
vive sempre a procurar
Uma cabeça vazia
Pra oficina montar
Pesca, pinga e poesia
E a grande solução
Pra curar a letargia
Que abala o coração.
Então quem tá depressivo
Trate de se depressar
Quem respira quem tá vivo
Só tem que comemorar
Parte 2- Joban
Enquanto a mente vazia
Corre por mundos além
Pode se tornar um dia
E disso ele sabe bem
Nosso inimigo maroto
Fazer da vazia mente
Oficina do capiroto
Enquanto o mar se agiganta
O sol a terra esquenta
O nosso inimigo maior
Trabalha incessantemente
Para fazer com labor
Daquele que é afoito
Da nossa vazia mente
Oficina do capiroto
Por isso eu sou poeta
Não tenho a mente vazia
Pois toda a minha meta
E enchê-la de poesia
Mesmo que eu seja tachado
De cabra abichornado
Mesmo que não esteja presente
Ainda que esteja morto
Não quero que minha mente
Venha tornar-se um dia
Oficina do capiroto.
Parte 3- David Thomaz Garcia
Eu sempre fui muito teimoso
Vivia na estratosfera
Isso porque desde garoto
Eu não sabia quem era
Confundia pum com arroto
E minha mãe muito severa
Me disse que o capiroto
Se chamava a besta-fera
Achava que era um piloto
Voando na atmosfera
Respirei muito azoto
Qualquer casa era tapera
Trocava pão por biscoito
E um gato por pantera
Mas o nome capiroto
Para mim era besta-fera
O direito era canhoto
A falsidade sincera
Macarronada era risoto
Qualquer sorriso paquera
Grilo era gafanhoto
A tolerância era austera
Mas se via um capiroto
Corria da besta-fera
Bebi água de esgoto
Porque a vida prolifera
Todo peixe era boto
Outono era primavera
Mesmo sendo muito escroto
Achar que muito é quimera
Mas para mim o capiroto
Tem nome de besta-fera
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Meus respeitos Pitágoras,meu carinho e prazer de trocar com Thaina, obrigada Jobam..
Que maravilha de programa. Muita informação e cultura. Thayná é uma benção. Inteligente e muito envolvida com suas raízes. Ela vai contribuir com Ubatuba e com o Brasil
Agradeço à todos. Muito prestígio estar num programa com vocês: Ana, Pitágoras e o querido amigo Joban