1001 dias e daí ?

Diário do ano da peste de 28 de setembro de 2021
Texto e vídeo de Marcus Ozores
E hoje é terça feira, dia 28 de setembro e continuo aqui na terra do Curupira e da anaconda lançando minhas granadas de protesto contra o febeapá nacional com “Só a poesia nos Salvará”.
Devo confessar uma coisa a vocês. Já li muito sobre história antiga, moderna e do tempo presente aliás na minha profissão de escrevinhador de jornal ler e escrever sempre fizeram parte da minha rotina. Vejam vocês, o Império Romano durou aproximadamente uns mil anos se contarmos desde o reinado de Roma ano 500 a.C. até o fim do império pelo avanço dos bárbaros no século V d.C. Os macedônios colocados por Alexandre, o Grande, no comando do Egito durou 350 anos, teve um baixinho austríaco que disse que ia construir um império de mil anos e que não durou 10 anos.
E já cá, em Terras de Pindorama, tem um capitão cujo desgoverno está mais para os contos que Sherazade narrava para seu terrível esposo e rei Xariar uma história nova toda noite evitando assim de ser morta. Essas histórias fazem parte de um clássico da literatura árabe e ocidental “Mil e uma noites”.
E pois é, hoje completam 1001 dias do desgoverno do capitão e pelo jeito ele vai seguir o protocolo de inaugurar obras pelo Brasil que já foram inauguradas em governos anteriores ou então pontes com duzentos metros de comprimento, etc etc etc
E enquanto o Brasil vai adormecendo com as narrativas das Mil e uma noites, nós aqui no comando da nossa nau da língua portuguesa continuamos navegando pelo Rio Negro e visitando hoje os poemas de Jorge Tufic, um acreano nascido em Sena Madureira em 1930 e que passou quase toda sua vida em Manaus e foi um dos fundadores do Clube da Madrugada, associação literária manauara, que teve influência do movimento da poesia concreta. Jorge Tufic, que atuou como jornalista na capital amazonense , foi criador do movimento “Poesia na Rua”. Tufic morreu em São Paulo em fevereiro de 2018.
Vou ler de Jorge Tufic dois poemas
RESTINGA’S BAR
Sou tão frágil, meu bem, que um som, de leve
pode ser-me fatal como o teu beijo:
qualquer música brega, qualquer frase
pode ser-me fatal. E, assim, não deve
a brisa andar tão próxima à tormenta,
como não deve o ritmo da valsa
transformar-se em punhais; a vida é breve
e aquilo que é demais logo arrebenta.
Sou tão frágil, meu bem, que nada pode
separar-me de ti. Teu nome é um sonho
que navega em meu sonho. Tenho pena
de tudo, algo me aflige e me sacode.
Desliga esse Gardel, bota um canário
em vez do som, da voz que me condena.
SONETO ARQUEOLÓGICO
Babilônio sutil, meu queixo fino
sobrevive às catástrofes; num vaso
posto a secar, meus olhos comparecem
entre os botões da noite milenária.
Sombras do Tigre, mágicas do Eufrates,
algo resta de nós. E disto apenas
tudo volta a crescer, tudo se extingue
feito o barro dos códigos severos.
Quem me decifra além dessas batalhas?
Quem me vê nos coleios da serpente?
Quem me furta do sono e me atropela?
Babilônio sutil, no auge da messe
cozinho para os reis pedras e telhas.
Nas horas vagas sou pastor de ovelhas.
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É, o poeta Ozores sabe mesmo ser sarcástico e m relação ao capitão.
Qto ao poema bom para refletir.