Cantinho da Priscila Siqueira

A Imprensa a Serviço da Repressão

Quando o jornalismo se alia ao autoritarismo: o caso da Folha de S. Paulo na ditadura

Grande Imprensa e a Repressão

Um livro publicado por autoras e autores com sólida formação acadêmica e profissional nos campos da comunicação e história, está revolucionado não só o meio jornalístico, mas todos os que têm interesse com o que acontece e aconteceu em nosso País. O livro se chama “A serviço da Repressão – Grupo Folha e as Violações de Direitos na Ditadura”, da Mórula Editorial

Uma grande mentira ficou desnudada com essa publicação: a de que o jornal “A Folha de São Paulo” seria um dos jornais mais abertos às questões sociais em nosso Brasil. Sua narrativa descortina a participação de empresas integrantes do Grupo Folha- Litográfica Ypiranga, TV Excelsior, Fundação Casper Líbero, TV Gazeta, Agência Folhas e os jornais Última Hora, Notícias Populares, Cidade de Santos, Folha da Tarde, e Folha de São Paulo no golpe e na ditadura empresarial-militar que vigorou em nosso País de 1964 a 1985.

Além de emprestar seus caminhões e outros veículos às forças de repressão, integrantes das Forças Armadas e policiais militares (que ficavam por vezes com arma em cima de suas mesas) foram contratados para vigiar quem trabalhava na empresa. Lembro-me, quando na década de 70 eu era correspondente em São Sebastião da Agência Folhas, um colega me alertou sobre o que eu escrevia. “Cuidado”, disse ele. “Sua matéria vai direto para a censura de um militar”.

Só o que interessava à repressão era então publicado. O papel das empresas de Otávio Frias de Oliveira foram fundamentais para manipular a população sobre o que realmente ocorria na época e esconder o desrespeito com tantas pessoas perseguidas e até memo mortas pela repressão.

No dia do golpe de 64, a Folha saiu com um caderno especial elogiando a ação dos militares golpistas. Um suplemento com muitas páginas como aquele- todo jornalista sabe- é feito muito antes do fato ocorrer. O que significava que a empresa estava ciente do que ia acontecer.

Vale a pena ler este livro. Ele é um testemunho de luta contra qualquer tipo de ação antidemocrática.

Ditadura nunca mais!

Seus autores: Ana Paula Goulart Ribeiro, Amanda Romanelli, André Bonsanto, Flora Daemon, Joëlle Rouchou e Lucas Pedretti.

A serviço da repressão: Grupo Folha e violações de direitos na ditadura

 

Priscila Siqueira

Paranaense, nascida em 1939, Priscila Siqueira formou-se em jornalismo na antiga Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil, na cidade do Rio de Janeiro. Agora aposentada, trabalhou por muitos anos na Grande Imprensa nacional :Agência Folha de São Paulo, Agência Estado (jornais O Estado de S.Paulo, o extinto Jornal da Tarde e Rádio El Dourado) e no jornal Valeparaibano. Como jornalista teve a oportunidade de presenciar a expulsão dos caiçaras - o caboclo do litoral - de suas praias pela especulação imobiliária, decorrente a abertura da Rodovia BR 101, no seu trecho de Santos - Rio de Janeiro. Dessa experiência, surge seu primeiro livro “Genocídio dos Caiçaras“, em 1984. Jornalista especializada na questão ambiental, cobriu a Constituinte do Meio Ambiente de 88. Como ativista ambiental, foi uma das fundadoras da SOS Mata Atlântica, Movimento de Preservação de São Sebastião- MOPRESS e presidente da Sociedade de Defesa do Litoral Brasileiro. Em 1996, participou do Congresso Mundial contra a Exploração Sexual Comercial de Crianças e Adolescentes, na cidade de Estocolmo realizado pela rainha Sílvia da Suécia e a UNICEF- Nações Unidas para a Infância. Foi professora na antiga Escola Normal de São Sebastião, além de dar aulas no Centro Universitário Salesiano de São Paulo- UNISAL, e na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo- FESPSP, em cursos de pós graduação lato sensu, sobre a Violência à Mulher, Prostituição Feminina e Tráfico de Mulheres e de Meninas.

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