O dia que meu pai se vingou do Presidente Washington Luiz

Mais um causo verídico da minha coletânea de Folclore Politico.
Por Pitagoras Bom Pastor de Medeiros

Meu pai, o então Funcionário Público da Central do Brasil, em 1930, Solon de Medeiros, estava tranquilamente em seu posto como Chefe da Estação de uma das cidades mais conturbadas politicamente de Minas Gerais, Barbacena, que era também uma maiores do estado.
Extremamente discreto em política e alheio às disputas partidárias, -porque meu avô, que fora professor público, sofrera muita perseguição política por não querer ser eleitor de cabresto- definitivamente ele evitava tomar partido. No entanto, alguém, talvez com algum problema pessoal com ele, o denunciou ao então Presidente da República Washington Luiz , acusando-o de ser adepto de Getúlio Vargas, que então preparava-se para virar o jogo eleitoral, através da Revolução.
Sem investigar nada, o Presidente aplicou lhe dura pena. Transferiu-o para uma cidade menor onde a vida dele e da sua família ficou bem pior ( naqueles idos o próprio presidente da República assinava qualquer ato relativo aos seus funcionários, como: férias, punições, promoções, etc..)
Não teve remédio, não havia como se defender. chegou na cidade desolado. Pensou em voz alta, em casa:- Presidente, Washington Luiz, o senhor está me punindo severamente por um fato que não pratiquei. Isso merece uma vingança. Hei de carregar o seu caixão!
Washington Luiz foi deposto e logo Getúlio Vargas devolveu o posto do meu pai . Solon de Medeiros depois transferiu-se para São Paulo e ficou lotado na Estação Roosevelt.
No dia 4 de agosto 1957, ele chegou em sua casa, após seu turno de trabalho. Ligou o rádio e deitou-se. às 22h30 , Heron Domingues , do Repórter Esso, anunciou em edição extraordinária, a morte do ex-presidente e informou o local do velório, a Capela Nossa Senhora do Rosário, na Avenida Brasil e que depois da missa de corpo presente seria enterrado no Cemitério da Consolação. Meu pai, que havia se esquecido da vingança na prometida ( pois na verdade não guardara a raiva ), lembrou-se de repente. Saiu de casa na mesma hora, apesar da frialdade da noite, pois sabia que o o féretro seria movimentado. Chegou à capela antes do defunto e aguardou Era um dos que estavam nas filas da frente. Quando o caixão chegou, ele, apesar do sono , nem cochilou. Ficou ali próximo, pronto para agir. Na hora de levar o corpo, um assessor gritou: – Tragam o carrinho para levar o Presidente.
Solon pensou: “Tanto tempo aqui esperando é na hora “H” tiram-me o presidente, que falta de sorte”.
Mas um filho de Washington Luiz retrucou veemente: -O Presidente vai é nos braços do povo que ele tanto AMOU! Podem pegar o caixão!
De pronto meu pai grudou numa alça e segurou firme. Mais firme ainda olhou para o caixão e murmurou bem baixinho: -Não falei que ia carregar seu corpo, Sr. Presidente.! E o enterro seguiu.

- Moral da história: enterro de político é igual voto secreto. A gente nuca sabe a intenção de quem está acompanhando!
Eu quis contar essa história também para homenagear todos os pais, principalmente os mais idosos. Quantas histórias interessantes eles não para nos contar e as vezes a gente nem presta atenção. Então, converse com seu pai sempre, pode ser mais diverdido do que rede social.
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Pita não dá para comentar o negócio é de dá risada. Kkkkkk
Pitágoras não dá para comentar o negócio é de dá risada. Kkkkkk.