Domingos dos SantosPoesia caiçara

Poesia dos tempos do candeeiro

 

Após o canto do galo

que assinalava o fim

do domínio das trevas,

após um café forte

feito por Tia Maria

no fogão a lenha,

Tio Genésio rolava a canoa

e enfrentava o mar

em quatro horas

de remo e vela traquete

até à Ilha Vitória,

para pescar caçoa,

da caçoa tirar o fígado,

do fígado extrair o óleo

que depois uma empresa comprava

e transformava, Milagre da medicina,

em óleo de fígado de bacalhau

fonte de muita vitamina

e cura pra todo mal.

Domingos Fábio

Caiçara de Ubatuba, da Maranduba, nasci pelas mãos de parteira e avó Martinha e bem nutrido de carinho de mãe e caldo de peixe. Fui pescador, trabalhei na construção civil e no Banco do Brasil, me formei em geografia pela USP, tenho alguns livrinhos publicados, três deles estão à venda pela Amazon.https://a.co/d/ej6NB0r. Vivi no nosso espaço antes do impacto causado pelo turismo e especulação imobiliária. Naquela época a nossa cultura era mais viva e o mar era mais generoso porque os ecossistemas eram melhor preservados. E tento traduzir o meu conhecimento daquela época em forma de poesia, que é como me expresso melhor.

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