Diário de Paris, 3 de março de 2023
Texto e fotos de Marcus Ozores
Hoje este diário está dividido em duas partes. O passeio de ontem à noite com minha sobrinha e amiga Jana, que chegaram em Paris, às 11h45 de ontem e hoje do passeio que eu e Wilma fizemos até a Gare de l’Est.
Ontem a noite, depois que postei o diário do dia, Victoria e Jana as duas já despertas (que maravilha que é a juventude, nunca se cansa e está sempre pronta para novas aventuras) quiseram sair para uma voltinha pela cidade. Saímos os 4 em direção a Chatelet. Intenção – que foi cumprida à risca – era pegar o busão 38 e descer no ponto de Chatelet e voltar em direção ao Quartier Latin para poder apreciar a imagem da Torre Eifel toda iluminada, bem lá longe.
O canto que compreende a Pont au Change e a Voie George Pompidou é o único ponto lugar possível para essa vista e o ponto perfeito para as fotos necessárias do álbum da família. Ontem foi noite de lua crescente e deu para fotografar Notre Dame com a Lua lá em cima. Depois da sessão de fotos, levamos as duas jovens para se perder no labirinto das ruas sobreviventes, no Quartier Latin, para nos lembrar que, por aqui, na terra de Richelieu, existiu a tal da Idade Média, aliás, termo cunhado durante o Renascimento para marcar a nova era, que teve início no século XV, em Florença, e marcar o atraso do milênio anterior, antes da ascensão da burguesia ditar as regras do jogo.
Noite fria, mas bem agradável rodamos pelas ruas iluminadas e repletas de gente que caminhava ou à procura de um dos inúmeros restaurantes e casas de jazz e chansons que funcionam todos os dias. Senti falta dos restaurantes gregos que antigamente dominavam a paisagem das ruas, mas hoje são pouquíssimos. Asiáticos invadiram boa parte das lojas, restaurantes, cafés e, principalmente, os cafés tabac onde se faz apostas nas loterias nacionais e euro milhões, acumulada para essa noite – prêmio de 130 milhões de euros. Fiz minha fezinha e espero ser novo rico (de experiência) amanhã. Voltamos para casa parte a pé, porém, as meninas estavam quase congelando e pegamos o 38 de volta, no Boulevard Saint Michel no ponto que fica ao lado do ‘Jardin de Louxembourg’.
Hoje, as jovens saíram por volta das 10h00 para conhecer a cidade sozinhas (estiveram aqui ano passado, pela primeira vez, numa excursão e ficaram só dois dias na cidade) e ver as vitrines. Saíram em busca da Uinqlo (loja mundial japonesa com produtos de qualidade e sustentáveis) com suas ofertas tentadoras de final de estação. Por volta das 17h00 – que estavam no Hard Rock Café (só não sei qual deles) e depois viriam para casa.
Eu e Wilma ficamos no apê toda a manhã lendo jornais e sites com noticias do mundo e do Brasil. Lá pelo meio dia decidimos sair para almoçar fora. Nosso plano inicial era ir ao ‘Quai de la Seine’ e almoçar num restaurante da rede ‘La Criée’, de frutos do mar, com preços acessíveis. Esse restaurante, em particular, é especial e, para mim, o mais lindo da rede, Paris. Fica sobre uma plataforma de madeira dentro do canal e você almoça vendo os barcos passarem pela eclusa do canal do ‘Quai de l’Oise’ que fica ao lado.
Como detesto pegar metrô por aqui já que as estações com escadas rolantes são poucos prefiro sempre busão que são confortáveis e silenciosos (a maioria é elétrico). O trajeto até ‘La Criée’ previa pegar o 38 até Gare de l’Est e depois pegar o 58 e estaríamos lá. Porém e como todas as histórias têm um, ou vários poréns, o busão parou em frente a Gare. Ao descermos na Place 11 de novembro 1918 (data do meu aniversário e a data da rendição da Alemanha durante a I Primeira Guerra Mundial) olhei para o outro lado da rua e vi o logotipo da filial do ‘Boillon Chartier’ sem fila nenhuma, o que é impossível em Montparnasse. Aí veio a dúvida: o que escolher. Não teve questão com o frio. O melhor é comida francesa tradicional quente, com meia garrafa de vinho. Pedi um ‘boudin noire’ (chouriço) com purê e maçã.
Após o almoço, para fazer a digestão, descemos a pé o Boulevard Sebastopol, uma caminhada de 2km até chegar no Square de Saint Jacques onde tem ponto do 38.
Faço várias observações no trajeto. Primeiro o imenso número de restaurantes regionais da França – em frente e nas ruas laterais de Gare – que você atravessa no inicio da descida pelo Boulevard. Depois, durante um percurso de 1,2 km dos dois lados do Boulevard você encontra restaurantes e comércio de origem indiana e africana, na sua grande maioria. Curioso foi notar várias centenas de homens negros reunidos em grupos conversando ou falando ao celular. Alguns trabalham para as lojas de perfume e tatuagens e ficam nas calçadas chamando as mulheres negras que passam para conhecer o trabalho dos salões de beleza especializados em cabelo afro. Fotografei até um salão que faz cabelo ao jeito brasileiro.
Quando se chega a uma praça, à esquerda para quem vem da direção da Gare para a Tour, com um jardim cheio de crianças, namorados e modelos tirando fotos. Essa pracinha fica em frente ao ‘Theatre de la Gaitè Lyrique’ inaugurado em 1862 e considerado hoje monumento nacional. Jacques Offenbach – o grande compositor de operetas – que fez rir toda a geração da segunda metade do século XIX – foi diretor desse teatro entre 1873 e 1874.
Continuamos a descer até cruzar o Boulevard de Sebastopol com rue ‘Duc des Lombards’ onde se encontra uma das mais famosas casas de jazz da cidade: ‘Duc des Lombards’. Edmilson Siqueira, velho amigo dos tempos do Diário do Povo – (não é o Diário porta voz do Partido Comunista Chinês não, é antigo DP de Campinas e, por favor, não confundam DP com delegacia de polícia) – é assíduo frequentador dessa casa quando está de passagem por Paris. Outro jornalista, que foi frequentador assíduo da casa, nos idos 70 e 80, é o nosso bardo escrevinhador paraense Antônio Contente.
Mais um detalhe e dica. Caso você venha a Paris, no frio, e seu casaco não é lá essas coisas (muita gente vem com sobretudo de lã que é terrível e pesa uma tonelada) não quer gastar muito e não passar frio vai ai a dica. Por volta do número 30 do Boulevard Sebastopol tem vários brechós que vendem ‘dudunes’ por 10 euros, isso mesmo e em excelentes condições. Tem casacos de couros e casacos de soldados da OTAN (esses aguentam frio do Polo Norte) por 15 a 20 euros. No fim da viagem você doa para os pobres de Paris.
Bem, chegamos ao Square de Saint Jacques onde havia muita gente sentada nos bancos e nas amuradas tomando sol para espantar o frio. Dia lindíssimo e uma visão curiosa. De um lado arvores secas e de outro arvores floridas (e olhem que não chove aqui há quase 60 dias em pleno inverno, um recorde). A Lua já quase cheia observava placidamente o burburinho das ruas, sem prestar muita atenção nas pessoas que sorriam para ela.
Amanhã tem mais.
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