Video reportagem e texto Pitágoras Bom Pastor
Fotos Julio Jacob
O Camaroeiro – Ipiranga bairro que mantem a mais tradicional comunidade caiçara da região central de Caraguatatuba, recebeu sábado, 25 de manhã, uma placa de autorreconhecimento caiçara. Uma iniciativa do Coletivo Caiçara de São Sebastião, entidade liderada pelo ativista Camilo Terra.
Segundo Camilo, o próximo passo é obter o reconhecimento e a demarcação da área por parte do Governo Federal, o que vai garantir a permanência da comunidade ali e o desenvolvimento de projetos que beneficiem à comunidade.
Cristiano Ramalho Secretário Nacional da Pesca Artesanal
Terra explicou que o Coletivo Caiçara agendou com o Secretário Nacional da Pesca Artesanal Cristiano Ramalho uma visita ao Litoral Norte, para que este se reúna com os pescadores encaminhe suas demandas. Segundo os pescadores Miguel do Chico e Edmilson Tibide, a mais urgente delas é a regulamentação da pesca boeira. Em 2021 a pesca boeira foi proibida mas diante da resitência dos pescadores o governo editou uma portaria liberando essa prática. Mas a proibição voltou a ocorrer.
No vídeo abaixo Camilo explica o que significa o autorreconhecimento de Território Caiçara
https://studio.youtube.com/video/289jvft4QL8/edit
Proibição da Pesca Boieira
Segundo os Pescadores Edilsinho de Oliveira, o Bagrinho do Tibide e Miguel do Chico Vitorino, os Caiçaras tradicionais tem tido problemas , principalmente com a polícia ambiental por causa de leis abusivas como a proibição da pesca boieira. No entanto, diz Tibidinho , quem mais causa danos são os grandes barcos de pesca.
” Uma só traineira de pesca coleta mais 40 toneladas. Isso é mais que todos pescadores artesanais junto – disse Bagrinho”
Mulheres Caiçaras comemoram
Ceminha Mendes ( de branco), Angélica de Costa e Edna do Dito Chico comemoram a placa de autorreconhecimento – Fotos Julio Jacob
Referenciais no bairro do Camaroeiro por fazer parte de famílias tradicionais, Ceminha Mendes, memorialista, culinarista e escritora, Edna do Espírito, historiadora e professora e Angélica Santos, estavam entre as mais animadas do grupo, Elas sonham em construir um espaço na Praia onde possa ensinar e divulgar sua cultura. As 3 se consideram pescadoras, pois embora não pesquem profissionalmente conhecem as técnicas de pescaria.
Edna do Dito Chico e Angélica são netas de Chcio Vitorino, ja falecido que foi o pioneiro do Choro em Caraguatatuba, O avô materno de Angélica era Tião Izidoro, também já morto, o maior festeiro da cidade, criador da tradiconal festa de São Pedro Pescador. Iracema por sua vez é filha do Tião Neno. Seu irmão, seus sobrinhos e um primo foram vereadores na cidade. Seu primo, Jair Nunes, foi prefeito de 1983 a 1989.
Iracema Mendes de Souza, a Ceminha tem vários livros de memórias do bairro, Edna escreveu uma tese de graduação (veja aqui) sobre história do bairro e Angelica retrata os personagens do bairro em esculturas feitas de folhas de coqueiros ( Veja aqui no link). Angélica aliás depois da morte do pai,Anselmo7 cordas e Rosinha, tornou-se artista e artesã. Ela liderou, com o apoio da Cancioneiro Caiçara um movimento para que seu bairro não fosse mais chamado pelo apelido depreciativo de Risca Faça. Com sua luta Edna conseguiu mostrar que esse apelido era ofensivo e que a comunidade local sofreu ao longo do tempo muita discriminação em razão disso. O nome Ipiranga e Camaroreiro finalmente prevalecem hoje em Caraguatatuba.
Caicaras-reunidos-na-Cerimonia-de-Auto-Reconhecimento. Foto Julio Jacob
Assistam a cerimônia de inauguração Da placa e a entrevista dos Pescadores Caiçaras , e das lideranças como Angelica Santos, Iracema Dito Pedro Camaroeiro Neto , e Pedro Caetano e Edna de Assis e Professor Junior .
Video e edição Pitágoras Medeiros