Os Diários do Ozores

A Bíblia do Ministro e a poesia de Manuel de Barros

Diário de Pindorama

Texto, vídeo e apresentação de Marcus Vinicius Ozores

Diário de Pindorama, segunda feira, dia 28 de março do ano do Nosso Senhor Jesuscristinho de 2022 e continuo na capital da ópera da selva com o “Só a poesia nos Salvará” dos falsos profetas e dos falsos deuses que rondam por aqui.

Amigos e amigas do mundo virtual, hoje logo após o almoço de caipira paulista na terra das Amazonas, recebi um zap irônico do nosso Senhor Jesuscristinho me dizendo: “num te falei, que meu pai ou melhor, nosso Pai, é bem brabo quando usam o nome dele em vão. Afinal meu Pai não tem cara, nem corpo, meu Pai é espirito, será que os humanos ainda não entenderam esse princípio” e em seguida colocou memes daquelas risadinhas. Imediatamente deduzi que o nosso Senhor Jesuscristinho estava ironizando a demissão do pastor de rebanhos, de almas, pastor alemão, sei lá o que.

Deus do Vento -Foto Dominio Público

Mas ele se referia ao Milton Ribeiro, aquele ministro da Deseducação que, ao lado de outros dois pastores mais vira-latas , ousaram colocar suas fotos pessoais, isto mesmo que ouviram – no prefácio de 3 mil bíblias impressas na gráfica do pastor vira lata de Goiás – e distribuídos para a população de Salinópolis, cidadezinha no interior do Pará. Ah, esqueci de dizer que a foto de outro santo também foi colocada em maior destaque na Bíblia de Salinópolis, a foto de Kaká Sena prefeito da cidade foi impressa em destaque na contracapa da Bíblia, pois, foi ele que com dinheiro público financiou esse milagre da aparição de 3 mil Bíblias, no sertãozão do Pará.

E como hoje a rede Bobo traz novo “remeique” do que resta da teledramaturgia tupiniquim, com a estreia de Pantanal, resolvi ler para vocês o poema do pantaneiro Manoel de Barros. O fazedor de palavras e ourives de sonhos. Vou ler de Manoel de Barros: O fazedor de amanhecer, como segue…

 

O fazedor de amanhecer

manoel de barros foto

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Sou leso em tratagens com máquina.
Tenho desapetite para inventar coisas prestáveis.
Em toda a minha vida só engenhei
Três máquinas
Como sejam:
Uma pequena manivela para pegar no sono.
Um fazedor de amanhecer
para usamentos de poetas
E um platinado de mandioca para o
fordeco de meu irmão.
Cheguei de ganhar um prêmio das indústrias
automobilísticas pelo Platinado de Mandioca.
Fui aclamado de idiota pela maioria
das autoridades na entrega do prêmio.
Pelo que fiquei um tanto soberbo.
E a glória entronizou-se para sempre
em minha existência.

Manoel de Barros

Marcus Ozores

Marcus Vinicius Pasini Ozores é fotógrafo, jornalista, apresentador de TV , mestre em Ciências Sociais e Pesquisador Associado na UNICAMP

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