Texto e Fotos de Marcus Ozores
Mais um dia ensolarado que Éolo nos proporcionou hoje 24/01;2023, com temperatura máxima de 9 graus positivos, mas confesso que fez até um calor que deu para suar dentro do casaco. Aliás, esse é um dos problemas que tenho quando as temperaturas estão baixas, pois, coloco uma segunda pele térmica e, depois de longas caminhadas, comecei a transpirar. É um calor que, as vezes, fica desesperador já que não dá para ficar de camiseta no meio da rua.
Hoje foi dia de visitar o Museu Arqueológico de Atenas tendo como guia o mestre Gilberto Francisco, colega da Unifesp, e membro brasileiro da Escola Francesa de Arqueologia, aqui em Atenas. Nem preciso dizer a diferença visitar um museu dessa importância para a cultura ocidental sob orientação de um especialista no tema que vai além das explicações das peças expostas para dar uma dimensão humana e contextualizar as estátuas talhadas na pedra, dando vida a ninfas, soldados, reis, cavalos, filósofos, deuses e demônios.
Lembrando que, num museu Arqueológico, só estão expostas peças da cultura material deixada pelos nossos antepassados. E a surpresa é adentrar, na primeira sala, e ver as máscaras mortuárias, em ouro, da cultura minoica, originários da ilha de Chipre que desapareceu, sem deixar rastros, após a era do bronze.
Aliás, eu sempre me faço a mesma pergunta quando visito um museu arqueológico: porque quase todas as culturas humanas tem no ouro a sua representação de poder? Claro que sei os motivos químicos físicos da alta qualidade do ouro. Mas sempre me fica uma dúvida. Se você visitar dois dos museus mais fascinantes na nossa América Latina, o da cidade do México e museu arqueológico de Lima, no Peru, os astecas, maias, incas e demais culturas tem no ouro sua maior expressão de distinção social.
No Louvre, que tem uma das maiores coleções do mundo (eita museu difícil e cansativo de visitar), o ouro é dominante. E me pergunto: será que existe um inconsciente coletivo, como Carl Yung definiu? Esse inconsciente é formado de arquétipos semelhantes em todas as etnias espalhadas pela Gea? Minha amiga Zezé, colega de tantos anos do Nepp, e entendida nesses assuntos da profundidade da nossa massa cinzenta talvez possa nos esclarecer.
Mas voltando a visita do Museu de Arqueologia, na sequencia das máscaras de ouro vemos uma série imensa de colares, brincos, pentes, vasos. Olhando de perto parece que você está defronte a um mostruário da H. Stern, em algum shopping da moda.
As coleções do museu incluem inúmeras salas de esculturas humanas e arte funerária. Aprendi com Gilberto sobre as várias etapas da escultura grega que inicialmente inicia copiando a estatuária egípcia e, ao longo dos séculos, vai criando seu próprio estilo até a busca da perfeição do movimento humano. Aliás, na fase clássica, as estátuas são tão perfeitas e tão ricas em detalhes do movimento do corpo humano que aí, você entende onde Michelangelo se inspirou para fazer seu Davi, tão visitado em Florença.
A exposição acaba na fase do império romano, que incorporou a Grécia durante quatro séculos. Nessa fase romana os mestres escultores tiram do mármore as figuras chapa branca, isto é, a figura dos imperadores de plantão e, é claro, cópias e cópias das estátuas dos bustos dos Imperadores. Além do mais, foi nessa fase romana/grega, do período clássico, que foram feitas as cópias da estatuária grega que estão espalhadas pelos mais importantes museus do mundo.
Nesse pacote artístico, claro que Adriano é o grande privilegiado. Além das esculturas em bronze e mármore de Zeus e Poseidon entre outras o que me chamou a atenção pela beleza – e que publico aqui algumas fotos – é a estatua de Afrodite, Pan e Eros. Fiquei sem fala diante de tanta perfeição e é muito difícil de descrever, por isso prefiro as fotos.
Saindo do museu passei ao lado de uma loja de um velho luthier e me impressionei com uma lira exposta na vitrine feita com chifre de boi e caixa de ressonância feita de casca de uma tartaruga. Não resisti e entrei pedindo para fotografar centenas de instrumentos antigos hospitalizados para serem tratados e devolvidos aos seus donos para encantar o mundo com o som dos deuses.
Depois de longo café para descansar as perninhas entrei na igreja de São Dionisio que nunca tinha ouvido falar que existia. Achei que Dionisio fosse o Deus do vinho mas aqui não é. A igreja é magnifica, porém, dois padres estavam iniciando a missa das 18h30 e decidi tirar algumas fotos e sair rapidinho em direção ao hotel. Uma pernada de 3,5 km. Parei na frente do prédio da Universidade de Atenas, aquela que já comentei aqui antes, para fotografar o prédio banhado pela luz da lua cheia. Amanhã tem mais.
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