Cantinho da Priscila SiqueiraDestaques do BannerNotícias

A Polícia vingativa e o desfile da Vai Vai

Será por acaso que a escola de samba “Vai Vai” da capital paulista, cujo tema desse carnaval foi  o episódio do Carandiru fruto da fome, desigualdade social e racismo em nosso Brasil, tenha tido como fantasia de sua bateria, homens vestidos de demônios simbolizando a ação da Polícia na sociedade?!…

27  criaturas ( ate esse dia 17/02 (veja aqui ), a maioria homens afrodescendentes, foram mortos na Baixada Santista nesse Carnaval que passou.

José Marcelo Neves dos Santos morreu quando foi de bicicleta comprar gasolina’

Segundo a versão da família de José Marcelo Neves dos Santos- a vigésima vítima da violência ocorrida nesse período carnavalesco na Baixada Santista- ele teria ido de bicicleta comprar gasolina e não possuía arma alguma. Como pode acontecer que um pai de família com três filhos, pequeno comerciante tenha sido considerado culpado enquanto andava de bicicleta?!

Já o depoimento dos policiais que participaram da ação, afirma que José Marcelo havia desacatado ordem de parada, largando a bicicleta e atirando duas vezes contra os Policias Militares que revidaram aos disparos.

A família de José Marcelo diz que além dos tiros que o alvejaram, o rapaz de 32 anos teria sido torturado, isso porque, seu corpo estava todo machucado, espancado e esfaqueado e as tatuagens que estavam em sua pele, foram arrancadas. Toda esses fatos foram noticiados na Grande Imprensa do País, no caso, o aplicativo G1 do jornal o “O Globo”.

A polícia é feita para nos proteger ou para exterminar pretos, pobres, pessoas descartáveis para o Estado? Tanto as vítimas como os policiais militares são em sua grande maioria pessoas pobres da periferia. Das vinte e sete pessoas mortas no carnaval da Baixada Santista, três eram policiais. Pessoas facilmente substituídas por outros membros da sociedade, ávidos por uma atividade que lhes dê condições para cuidar das suas famílias.

Tamanha violência tem de ser refletida por todos nós, não somente por nossos governantes.  Como poderemos contribuir para que nosso Brasil seja uma pátria mais amorosa fraterna e pacífica?!

 

Priscila Siqueira

Paranaense, nascida em 1939, Priscila Siqueira formou-se em jornalismo na antiga Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil, na cidade do Rio de Janeiro. Agora aposentada, trabalhou por muitos anos na Grande Imprensa nacional :Agência Folha de São Paulo, Agência Estado (jornais O Estado de S.Paulo, o extinto Jornal da Tarde e Rádio El Dourado) e no jornal Valeparaibano. Como jornalista teve a oportunidade de presenciar a expulsão dos caiçaras - o caboclo do litoral - de suas praias pela especulação imobiliária, decorrente a abertura da Rodovia BR 101, no seu trecho de Santos - Rio de Janeiro. Dessa experiência, surge seu primeiro livro “Genocídio dos Caiçaras“, em 1984. Jornalista especializada na questão ambiental, cobriu a Constituinte do Meio Ambiente de 88. Como ativista ambiental, foi uma das fundadoras da SOS Mata Atlântica, Movimento de Preservação de São Sebastião- MOPRESS e presidente da Sociedade de Defesa do Litoral Brasileiro. Em 1996, participou do Congresso Mundial contra a Exploração Sexual Comercial de Crianças e Adolescentes, na cidade de Estocolmo realizado pela rainha Sílvia da Suécia e a UNICEF- Nações Unidas para a Infância. Foi professora na antiga Escola Normal de São Sebastião, além de dar aulas no Centro Universitário Salesiano de São Paulo- UNISAL, e na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo- FESPSP, em cursos de pós graduação lato sensu, sobre a Violência à Mulher, Prostituição Feminina e Tráfico de Mulheres e de Meninas.

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Verifique também
Fechar
Botão Voltar ao topo