Por Roque Alves Pereira
A ocorrência de eventos extremos com maior intensidade está prevista já tem muito tempo. Minhas primeiras lembranças são do José Lutzemberger com seu chapéu em meio a natureza, alertando para nossas cacas.
Ninguém pode alegar que não sabia, ou, que os cientistas não avisaram. Os relatórios do IPCC, apontam para isso com muita clareza e detalhamento. E para o pessoal da teoria da conspiração o IPCC é composto por 195 países. Teria que haver um transe global para envolver a todos numa cruzada para “mentir para a humanidade”, claro, tudo orquestrado pela “globolixo”. Causas dos eventos extremos? Naturais e antrópicas (esta última hipótese significa que nosso dedo podrinho ajudou neste desfecho).
Mas, qual nossa parte neste b.o?
O latim, mais precisamente nosso “modus vivendi”. Para que possamos lavar nosso lindo rosto sobre uma pia de mármore, ou, granito, diminuir nossas imperfeições faciais (eu, por exemplo, sou tão belo que dispenso estas tecnologias), trocarmos de roupa diariamente, talvez 2 ou 3 vezes, transitarmos com nossos veículos, vivermos conectados através de toda nossa parafernália eletrônica, mantermos nossos hábitos alimentares com produtos processados e da moda como os “wheys” da vida e conseguirmos aquela selfie única nos points da moda, pagamos um preço alto.
E não é o preço pelo produto, ou, serviço em si. É o tal do impacto do nosso consumo. Estima-se que para manter o tal modus vivendi de países como EUA, alguns países do oriente médio, Ásia e UE, precisamos de recursos equivalentes de 3 a 5 planetas por exemplo. Sabem quem equilibra esta balança? Os países tidos como pobres, os patinhos feios.
Não conseguiremos vencer a luta que iniciamos contra a natureza
Sim! Optamos por ver o planeta como adversário do nosso “progresso”. Recursos naturais servem como moeda e para subjugar povos. Caso não tenha entendido, volte para aulas de história. Nem mesmo os recursos naturais essenciais a vida são respeitados, e tratados como algo fundamental a sobrevivência e ao bem comum.
Vide exemplo de como nosso sistema conduz os recursos hídricos. Falar em regramentos, políticas públicas, tornou-se papo de comunistas. Os que enriquecem com este modelo criam conteúdo, literalmente. As “big techs” são exemplos. Produzem o que mesmo? Hummm…deixe ver…Nada !Ops! Produzem informação. Mas, de que tipo? Informações essenciais, ao consumo! O tal algoritmo.
Enquanto as pessoas “divertem-se” na web, estão expostas a um bombardeio de opções. Outro dia um famoso humorista, André Hassun, admitiu no podcast Flow, que fica passando os dedos no aplicativo do Ali, e comprando coisas que teoricamente, e em algum momento de sua existência, irá usar. Imaginem a doideira a que chegamos.
Para termos uma melhor ideia do tamanho do buraco da bala, sugiro assistir o curta “A história das coisas “ da Annie Leonard (vídeo abaixo). Claro, que vocês todos são pessoas evoluídas e conscientes, já assistiram este curta e não entram nestas roubadas que o Hassun entra.
E eu com isso?
Nossos filhos e netos e os filhos e netos dos nossos amigos vão ão pagar pelas nossas escolhas. Tudo que estamos fazendo, irá impactar as gerações futuras.
Provavelmente em algum momento, num futuro não muito distante, seremos forçados a dar uma ré neste processo. A má noticia é essa. Os recursos naturais são finitos. Poxa! Que pena!
Mas, onde estamos neste momento?
No sub solo do fundo do poço e cavando. Tem projeções que apontam que nossa espécie ficará neste plano menos tempo que os neandertais. Sim. Aqueles mesmos que aprendemos a depreciar. Menos intelecto e maior intuição e sabedoria…Desagradável tomar ciência disto né ?
Mas, e a tal da esperança?
Não tenho. Somos muito arrogantes para admitirmos que erramos, falhamos, que precisamos acertar a proa da nau, que precisamos reaprender, colocar na lixeira nosso conhecimento obsoleto.
Que o corpo humano precisa mais movimento em atividades naturais, que academias não resolvem nossa preguiça e que exercitar-se deve ser prioritariamente para melhorar a saúde e a estética está em segundo plano.
As mudanças necessárias irão acontecer?
No! Não vai rolar. A beira do a abismo e em frente! Daqui alguns milhares de anos o planeta estará como Craco na Itália e como outras cidades abandonadas pelo mundo. Nossa ausência dará condições do planeta regenerar-se.