Diário do ano da peste de 2021
hoje é quinta feira, dia 26 do mês de agosto. Há exatos 138 anos, nessa data tinha inicio a erupção vulcânica do monte Krakatoa cujo estrondo pode ser ouvido a 5 mil km de distância. No dia 26 de agosto de 1883 o vulcão Krakatoa começou a expelir lavas que duraram quase um ano seguido. A ilha do mesmo nome desapareceu juntamente com a população de 36 mil pessoas. Essa foi considerada a segunda pior erupção de um vulcão desde que a ciência passou a fazer registros. E por aqui, em Terras de Pindorama, o que tem de gente sofrendo de esquecimento precoce vem aumentando dia a dia. Hoje o ex-funcionário da Anvisa, também ex-funcionário do Ministério da Saúde Ricardo Santana teve apagão durante seu depoimento na CPI do Covidão. Confesso que fiquei muito preocupado com a condição de saúde do Santana. Afinal ele não conseguiu lembrar de quanto era seu salário como diretor da Anvisa. Tadim dele, não conseguiu lembrar que era de 36 mil, quase 25 mil limpinho todo mês. Mas me deu uma dózinha dele gente, qui os ceis não creditam. Tadim dele….. acabaram com bolo recheado da vida dele tadim.
E nossa nau da língua portuguesa não para e visita a obra da poeta Ana Hatherly nascida na cidade do Porto em 8 de Maio de 1929 e falecida em Lisboa em 5 de Agosto de 2015). Ana Hatherly foi membro da Direção da Associação Portuguesa de Escritores e ajudou a fundar o P.E.N.Clube Português, ao qual presidiu. Foi ainda membro destacado do grupo da poesia experimental, nas décadas de 1960 e 70, além de se ter dedicado à investigação e divulgação da literatura portuguesa barroca, fundando as revistas Claro-Escuro e Incidências.
Vou ler dois poemas de Ana Hatherly para voces
A corrida em círculos
I
O círculo é a forma eleita:
É ovo, é zero,
É ciclo, é ciência.
E toda a sapiência.
É o que está feito,
Perfeito e determinado,
É o que principia
No que está acabado.
II
A viagem que o meu ser empreende
Começa em mim,
E fora de mim,
Ainda a mim se prende.
A senda mais perigosa
Em nós se consumando,
Passamos a existência
Mil círculos concêntricos
Desenhando.
(As aparências, 1959)
A MÁSCARA DA PALAVRA
A máscara da palavra
revela-esconde
o rosto vago
de um sentido mundo
Paraíso acidental
metódico exercício
a máscara da palavra
colou-se ao rosto:
agora é
o nosso mais vital artifício
Com a máscara da palavra
reinventamos
o som da voz amada
que nos inunda
com seu luar de espuma
(A idade da escrita,1998)