Diário do ano da peste de 2021 do dia 01/09/2021
Texto , foto e vídeo de Marcus Ozores
E hoje é primeiro de setembro e na próxima semana a cobra promete fumar.
E hoje após vários dias de chuva e frio volto à minha ancestral praia dos Tupinambás de Barequeçaba para lançar minhas granadas do “Só a poesia nos Salvará”.
E foi numa segunda feira, dia 1 de setembro de 1902 que foi lançado, em Paris, o filme ‘Viagem a Lua’ baseado na obra de Julio Verne e considerado o primeiro filme de ficção exibido em todo o planeta habitado pelos Sapiens. Viagem a Lua foi obra do ilusionista e primeiro cineasta, o francês Georges Meliés.
Meliés é considerado o ‘pai do cinema’, pois, os filmes com conteúdo narrativos que assistimos até hoje nas diversas plataformas à disposição nesse nosso mundo pós-moderno, foi invenção desse gênio parisiense. O premiado diretor de cinema norte americano Martin Scorsese dirigiu em 2011 o filme intitulado “A invenção de Hugo Cabret” que é um filme homenagem à vida do ‘pai do cinema’. No youtube vvocês também podem encontrar dezenas de filmes produzidos por Georgès Meliès cujo obra cinematográfica caiu no esquecimento a partir de 1912 e foi redescoberta a partir de 1925 pelos artistas surrealistas. Após 13 anos de total esquecimento Meliès após seu redescobrimento do seu trabalho foi premiado com a Legião de Honra em 1931 por toda a sua carreira.
E como homenagem a Georges Meliès pela criação do cinema moderno lerei uma poesia do campineiro Guilherme de Almeida, intitulada Cinema. O poeta Guilherme de Andrade de Almeida nasceu em Campinas em 24 de julho de 1890 e morreu em Sampa Desvairada em 11 de julho de 1969. Além de poeta Guilherme de Almeida foi advogado, jornalista, heraldista, ensaísta, tradutor brasileiro e crítico de cinema.
CINEMA
Na grande sala escura,
só teus olhos existem para os meus:
olhos cor de romance e de aventura,
longos como um adeus.
Só teus olhos: nenhuma
atitude, nenhum traço, nenhum
gesto persiste sob o vácuo de uma
grande sombra comum.
E os teus olhos de opala,
exagerados na penumbra, são
para os meus olhos soltos pela sala,
uma dupla obsessão.
Um cordão de silhuetas
escapa desses olhos que, afinal,
são dois carvões pondo figuras pretas
sobre um muro de cal.
E uma gente esquisita,
em torno deles, como de dois sóis,
é um sistema de estrelas que gravita:
— são bandidos e heróis;
são lágrimas e risos;
são mulheres, com lábios de bombons;
bobos gordos, alegres como guizos;
homens maus e homens bons…
É a vida, a grande vida
que um deus artificial gera e conduz
num mundo branco e preto, e que trepida
nos seus dedos de luz…
Publicado no livro Encantamento (1925). Poema integrante da série II – Alma.