Diário do ano da peste de 2021 do dia 5/09
Texto e vídeo: Marcus Ozores
E hoje é domingo dia do descanso do pai do nosso Senhor Jesus Cristinho já que ele trabalhou seis dias e daí deitou na rede e cochilou. Dizem as más línguas que foi num momento entre acordado e dormindo que ele teria criado os seus filhos aqui na Terra à sua imagem e semelhança e por isso ficou faltando completar uma parte pois ele esqueceu de enfatizar o bom senso entre os sapiens.
E não são só os sapiens que estão atazanando a vida dos romanos agora os descendentes de Rômulo e Remo estão sendo atacados por javalis, isso mesmo que vocês ouviram Javalis cuja carne é para fazer deliciosos salames cacciatore, feitos com carne de caça. A prefeita de Roma acusa os fazendeiros do Lácio de promoveram a invasão dos javalis no centro urbano de Roma onde cenas de javalis atacam as pessoas nos estacionamentos dos supermercados. Há quem diga que essa é a nova tropa do exército de Brancaleone que circunda os políticos romanos.
E é por isso que continuo aqui nas minhas ancestrais areias da república anarquista dos Tupinambás de Barequeçaba lançando minhas granadas do “Só a poesia nos Salvará”.
E hoje nossa nau da língua portuguesa revisita os versos do nosso poeta maior Carlos Drummond de Andrade que dispensa apresentações.
Lerei dois poemas de Drummond para voces.
CONGRESSO INTERNACIONAL DO MEDO
Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio, porque este não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte.
Depois morreremos de medo
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.
POEMA DA NECESSIDADE
É preciso casar João,
é preciso suportar Antônio,
é preciso odiar Melquíades
é preciso substituir nós todos.
É preciso salvar o país,
é preciso crer em Deus,
é preciso pagar as dívidas,
é preciso comprar um rádio,
é preciso esquecer fulana.
É preciso estudar volapuque,
é preciso estar sempre bêbado,
é preciso ler Baudelaire,
é preciso colher as flores
de que rezam velhos autores.
É preciso viver com os homens
é preciso não assassiná-los,
é preciso ter mãos pálidas
e anunciar O FIM DO MUNDO.