Diário de Pindorama
Hoje é 12 de fevereiro de 2022, terceiro ano da peste. E estou aqui com “Só a poesia nos Salvará”.
Os nossos dias durante a pandemia se parecem com a letra da música ‘Cotidiano’ de Chico Buarque que começa assim: “‘todo dia ela faz tudo sempre igual”. Digo isso porque todas as manhãs, leio os principais jornais que compõem a PIG, isto é, Partido da Imprensa Golpista, e ainda fico indignado com os desmandos para com os direitos humanos levado a cabo pelo Capitão e seus asseclas.
E li hoje que Sérgio Camargo, negro e jornalista, colocado pelos filhos do capitão na presidência da Fundação Palmares, lembram aquela Fundação criada para difundir a cultura negra africana aqui em Terras de Pindorama , já que durante os 400 anos de escravidão foram trazidos da África 5 milhões de escravos e um numero de 700 mil morreram na travessia dentro dos navios negreiros, continua na sua campanha difamatória contra os negros.
Pois muito bem, esse tal Sérgio Camargo – que sempre se posicionou contra a cultura negra afro-brasileira – e contra as cotas – mostrou anteontem o seu negro como comandante da Schutzstaffel, isto é secreta da Alemanha Nazista. Sérgio Camargo disse que o Moise, ou melhor Moisés como devemos chamá-lo no Brasil, o congolês assassinado brutalmente como cão raivoso a pauladas na Barra da Tijuca era “um vagabundo morto por vagabundos mais fortes.
Sérgio Camargo foi colocado no cargo para atuar como capitão do mato/ O pior, porém, é que poucos sabem que Sérgio Camargo é filho Oswaldo de Camargo, poeta e advogado negro de 85 anos, que passou a vida em defesa a cultura afro-brasileira e foi criador do grupo Quilombo hoje. Oswaldo de Camargo é considerado por críticos literários um marco na literatura afro-brasileira, pelo fato de apresentar, no lugar de uma consciência ingênua, “a angústia da tomada de consciência de sua implicação simultânea em dois sistemas culturais diferentes”.
Em Terras de Pindorama nesses últimos 3 anos de desgoverno parece que foi aberta a porta do hospício.
Por isso hoje leio para vocês, um poema de autoria de Oswaldo de Camargo que deve ter vergonha do comportamento do seu filho.
EM MAIO
Já não há mais razão para chamar as lembranças
e mostrá-las ao povo em maio.
Em maio sopram ventos desatados
por mãos de mando, turvam o sentido
do que sonhamos.
Em maio uma tal senhora
Liberdade se alvoroça,
e desce às praças das bocas entreabertas
e começa:
“Outrora, nas senzalas, os senhores…”
Mas a Liberdade que desce à praça
nos meados de maio,
pedindo rumores,
É uma senhora esquálida, seca, desvalida
e nada sabe de nossa vida.
A Liberdade que sei é uma menina sem jeito,
vem montada no ombro dos moleques
e se esconde
no peito, em fogo, dos que jamais irão
à praça.
Na praça estão os fracos, os velhos, os decadentes
e seu grito: “Ó bendita Liberdade!”
E ela sorri e se orgulha, de verdade,
do muito que tem feito.