As paixões humanas e a imbecilidade geral

Diário de Pindorama
Texto, video e apresentação de Marcus Ozores

Diário de Pindorama, 1º de março de 2022, mardi gras de mais um Carnaval abatido pela peste e agora pelo medo da guerra global. Por isso continuo com o “Só a poesia nos Salvará” como líder de torcida dos loucos pela paz e contra a imbecilidade geral. Por isso continuo isolado, aqui na minha República Livre Anarquista dos Tupinambás de Barequeçaba ao lado dos espíritos dos antropófagos do litoral dessa ‘Terra Brasilis’ que gostavam de comer bispos Sardinhas com mandioca ensopadas.
Confesso que nunca vi tanto jornalista entendido em geopolítica como nos últimos seis dias, isto é, desde que a Rússia do sósia do Pedro, o grande, deu o primeiro tiro em terras ucranienses. Na Globo News principalmente – onde o caixa da TV dos Marinho anda em baixa – e não tem mais dinheiro para contratar repórter – o negócio é manter a lojinha no ar durante 24 horas com 10 comentaristas que se revezam dia e noite, noite e dia. Já num “guento” mais ver e ouvir os chutes do Padreco, da Miss porcão, da Renata tôcumpressa, Andreia saci, Monica saiuporaí, Guga cianews, e principalmente o assessor de imprensa da família Marinho, o auto intitulado intelectual e membro da Academia Brasileira de Letras, o Malvado pereira autor de um livro só e o padrinho do marreco de maringá para o cargo máximo da Belíndia.
É tanto besteirol que confesso que tenho saudades do mineiro Geraldo Bretas, comentarista de futebol da rádio e tv tupi, nas décadas de 50, 60 e 70. Nos intervalos de primeiro tempo Bretas – que sempre usava terno de brim sem gravata – e, dizem as más línguas, que tomava um” litrão de schott” por partida – tinha sempre um argumento infalível para sua análise. Caso o time da casa estivesse perdendo lá vinha Bretas e comentava: ‘bem, o timão tá jogando bem, mas está perdendo. Agora, no intervalo, é a hora do técnico dar uma chacoalhada na rapaziada durante a chuveirada. E o timão pode melhor e, se melhorar, pode ganhar, pode empatar ou pode perder. Todos sabem, o futebol é uma caixinha de surpresas’. Que saudade doída dos comentários sem importância que serviam para nossa distração momentânea e encantava os ouvidos dos meninos grudados na tela da TV Tupi todos os domingos a tarde.
Nesse momento em que o cerco se aperta ao pequeno Pedro e não se sabe o destino da Gea – apesar da análise dos novos milhões de especialistas que nasceram nas ultimas semanas na internet – prefiro buscar num texto publicado na metade do século XIX, do escritor russo Nikolái Gogol e intitulado “As Paixões Humanas” extraído do seu livro “Almas mortas”.
AS PAIXÕES HUMANAS

“Eu considero inteligente o homem que em vez de desprezar este ou aquele semelhante é capaz de o examinar com olhar penetrante, de lhe sondar por assim dizer a alma e descobrir o que se encontra em todos os seus desvãos. Tudo no homem se transforma com grande rapidez; num abrir e fechar de olhos, um terrível verme pode corroer-lhe as entranhas e devorar-lhe toda a sua substância vital. Muitas vezes uma paixão, grande ou mesquinha pouco importa, nasce e cresce num indivíduo para melhor sorte, obrigando-o a esquecer os mais sagrados deveres, a procurar em ínfimas bagatelas a grandeza e a santidade. As paixões humanas não têm conta, são tantas, tantas, como as areias do mar, e todas, as mais vis como as mais nobres, começam por ser escravas do homem para depois o tiranizarem.
Bem-aventurado aquele que, entre todas as paixões, escolhe a mais nobre: a sua felicidade aumenta de hora a hora, de minuto a minuto, e cada vez penetra mais no ilimitado paraíso da sua alma. Mas existem paixões cuja escolha não depende do homem: nascem com ele e não há força bastante para as repelir. Uma vontade superior as dirige, têm em si um poder de sedução que dura toda a vida. Desempenham neste mundo um importante papel: quer tragam consigo as trevas, quer as envolva uma auréola luminosa, são destinadas, umas e outras, a contribuir misteriosamente para o bem do homem”.

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