Diário do Fim do Mundo
Texto, video e apresentação de Marcus Vinicius Ozores
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Diário do Fim do Mundo, sexta feira, dia 8 abril do ano engasgado de 2022 e continuo aqui um pouco antes da beira do Fim do Mundo, nas Terras de Pindorama, e tentando manter a sanidade com ‘Só a poesia nos Salvará’. Assim espero que nos salve da ignorância que se abate sobre nós.
E hoje partiu um homem justo. Faleceu, vitima de AVC, o jurista Dalmo de Abreu Dallari, Professor da Faculdade de Direito da Usp, que se notabilizou durante o período da ditadura militar como um dos mais importantes defensores da resistência democrática no país. A partir de 1972, Dalmo Dallari, ao lado de dom Paulo Evaristo Arns, arcebispo de São Paulo, ajudou a organizar a Comissão Pontifícia de Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo, a mais importante e ativa entidade na defesa dos direitos humanos e que enfrentou de frente todos governantes militares daí pra frente, durante os anos de chumbo e escuridão que o Brasil conheceu de 1964 a 1985.
E nessa data triste quando os paulistas e o Brasil perdem um dos seus mais importantes juristas e um homem decente, aproveito os versos do poeta Manuel Bandeira para a despedida de Dalmo Dallari.
A MORTE ABSOLUTA
![](https://editora.cancioneirocaicara.com.br/wp-content/uploads/2022/02/Manuel_Bandeira_1938-158x300.jpg)
Morrer.
Morrer de corpo e de alma.
Completamente.
Morrer sem deixar o triste despojo da carne,
A exangue máscara de cera,
Cercada de flores,
Que apodrecerão – felizes! – num dia,
Banhada de lágrimas
Nascidas menos da saudade do que do espanto da morte.
Morrer sem deixar porventura uma alma errante…
A caminho do céu?
Mas que céu pode satisfazer teu sonho de céu?
Morrer sem deixar um sulco, um risco, uma sombra,
A lembrança de uma sombra
Em nenhum coração, em nenhum pensamento.
Em nenhuma epiderme.
Morrer tão completamente
Que um dia ao lerem o teu nome num papel
perguntem: “Quem foi?…”
Morrer mais completamente ainda,
– sem deixar sequer esse nome.
Manuel Bandeira
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N da R. DALMO E O LITORAL NORTE
Fato pouco conhecido, é que o professor Dalmo Dallari atuou na defesa das terras índigenas dos Guaranis de Boraceia , São Sebastião-SP, ao lado de seus ex-alunos , os advogados e hoje professores universitários Marco Antônio Barbosa e Carla Antunha Barbosa. O Processo, – que correu na década de 80 – foi um dos mais bonitos da Comarca de São Sebastião e foi vencido pelos índios que pela primeira vez na história do Brasil reinvindicaram na justiça a posse da terra ´sem a tutela da Funai, ou seja , a própria aldeia foi a parte autora da ação..
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