Diário do Fim do Mundo
Texto Vídeo e apresentação de Marcus Ozores
Diário do Fim do Mundo, domingão, dia 24 de abril, do ano empacado de 2022 e eu aqui na minha República Livre Anarquista dos Tupinambás de Barequeçaba – aqueles que eram canibais – lançando granadas de contra a ignorância do FEBEAPÁ que assola o país, com ‘Só a poesia nos Salvará’.
E sabe que acordo cedo todas as manhãs e após coar moer os grãos do café selecionado da Cooxupé, sento-me na cadeira berger, com minha caneca de café fumegante e leio os jornais do dia na tela do meu smartphone. E todos os dias, eu me deparo, principalmente na Folha de São Paulo, com um bloco de notícias sobre o reality show Big Brother, criado pela TV holandesa em 1999 e baseado no livro 1984, de George Orwell. Confesso a vocês que eu nunca assisti, nunca assistirei e eu não entendo como milhões e milhões de pessoas que, literalmente , não devem ter nada mais interessante para fazer na vida, consigam ficar de meia hora a uma hora, com olhos pregados na tela, vendo um monte de panacas peidar…, arrotar… dançar… Sinceramente, essa coisa de assistir o peido solitário, o arroto magnifico deste ou daquela, ou então a grande arte de arrotar de felicidade após almoçar uma feijoada com caipirinha , eu acho, embora o Big Brother seja um fenômeno mundial, é aqui na Terra dos Papagaios que tem um dos públicos mais fiéis da Gea.
E como estamos em tempo do Carnaval do Tiradentes, o que não falta é ex-BBB se amassando, se beijando, caindo de bêbado, vomitando, mas sempre dando entrevista como se tivessem sido grandes nomes do show business. É assim só tem valor quem está no show business. É muito business, isto e o que é .
‘Miserável país aquele que precisa de Heróis’, disse uma vez o escritor que renovou a linguagem do Teatro berlinense e mundial e grande poeta, falo do alemão Bertold Brecht de quem leio hoje o poema:
Elogio da Dialética
A injustiça avança hoje a passo firme
Os tiranos fazem planos para dez mil anos
O poder apregoa: as coisas continuarão a ser como são
Nenhuma voz além da dos que mandam
E em todos os mercados proclama a exploração;
isto é apenas o meu começo
Mas entre os oprimidos muitos há que agora dizem
Aquilo que nós queremos nunca mais o alcançaremos
Quem ainda está vivo não diga: nunca
O que é seguro não é seguro
As coisas não continuarão a ser como são
Depois de falarem os dominantes
Falarão os dominados
Quem, pois, ousa dizer: nunca
De quem depende que a opressão prossiga? De nós
De quem depende que ela acabe? Também de nós
O que é esmagado que se levante!
O que está perdido, lute!
O que sabe ao que se chegou, que há aí que o retenha
E nunca será: ainda hoje
Porque os vencidos de hoje são os vencedores de amanhã
Bertold Brecht