Cantinho da Priscila Siqueira

A Curiosa história de um soneto de Camões

Um causo rela narrado pelo professor de literatura Heiro Martins

Conversar com Heitor Martins, é um banho de mel na alma e no espírito. Esse professor de Literatura da Língua Portuguesa, aposentado pela Universidade de Indiana, no campus de Bloomington, nos Estados Unidos, tem 90 anos mas uma memória que faz jus ao seu profundo conhecimento da matéria que ensinou e das “coisas da vida”.

Junto com o assunto do que lecionou durante anos, vem também uma série de histórias que  aconteceram com seus principais atores.

Assim é o “causo” sobre o Pai da Língua Portuguesa, Luiz de Camões.

Consta que o jovem Camões era um jovem arruaceiro que se envolveu com uma dama da sociedade portuguesa. Como castigo  e para evitar mais escândalos, foi designado soldado nas Forças Marítimas portuguesas. Assim, ele teve a chance de circundar a África e teria chegado até Índia e Japão.

Numa dessas viagens conheceu uma mulher indiana, da qual se apaixonou. Deu a ela o nome de Dinamimi, já que “dina” em grego seria a designação para “força”, prefixos de palavras como “dínamo” ou “dinamite”.

Quando viajavam pela costa africana, uma enorme tempestade pegou seu navio de surpresa. Camões tinha um único exemplar dos Lusíadas, claro que escrito à mão. Para salvar sua criação, ele teria nadado com um dos braços enquanto os Lusíadas eram carregados acima das águas do mar pela outra mão levantada.

Seu amor, que não sabia nadar, ficou para trás e morreu afogada…

Porém, segundo Martins, Camões foi muito fiel a ela , pois para Dinamimi, escreveu o belo sonete “Alma minha, gentil que te partistes”…

Veja  aqui o poema  de Camões

Alma Minha Gentil, que te Partiste

Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida descontente,
Repousa lá no Céu eternamente,
E viva eu cá na terra sempre triste.Se lá no assento Etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente,
Que já nos olhos meus tão puro viste.E se vires que pode merecer-te
Algũa cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,

Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.

Priscila Siqueira

Paranaense, nascida em 1939, Priscila Siqueira formou-se em jornalismo na antiga Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil, na cidade do Rio de Janeiro. Agora aposentada, trabalhou por muitos anos na Grande Imprensa nacional :Agência Folha de São Paulo, Agência Estado (jornais O Estado de S.Paulo, o extinto Jornal da Tarde e Rádio El Dourado) e no jornal Valeparaibano. Como jornalista teve a oportunidade de presenciar a expulsão dos caiçaras - o caboclo do litoral - de suas praias pela especulação imobiliária, decorrente a abertura da Rodovia BR 101, no seu trecho de Santos - Rio de Janeiro. Dessa experiência, surge seu primeiro livro “Genocídio dos Caiçaras“, em 1984. Jornalista especializada na questão ambiental, cobriu a Constituinte do Meio Ambiente de 88. Como ativista ambiental, foi uma das fundadoras da SOS Mata Atlântica, Movimento de Preservação de São Sebastião- MOPRESS e presidente da Sociedade de Defesa do Litoral Brasileiro. Em 1996, participou do Congresso Mundial contra a Exploração Sexual Comercial de Crianças e Adolescentes, na cidade de Estocolmo realizado pela rainha Sílvia da Suécia e a UNICEF- Nações Unidas para a Infância. Foi professora na antiga Escola Normal de São Sebastião, além de dar aulas no Centro Universitário Salesiano de São Paulo- UNISAL, e na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo- FESPSP, em cursos de pós graduação lato sensu, sobre a Violência à Mulher, Prostituição Feminina e Tráfico de Mulheres e de Meninas.

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