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Aos 99 anos, Morre o Sargento José de Almeida Pires, mitólogico PM de Guararema

Reportagem e texto  Pitágoras Bom Pastor

Morreu hoje em Guararema, aos 99 anos, completados nesse mês de janeiro, o 2° Tenente PM aposentado José  Pires de Almeida  mais conhecido como sargento Pires. Mitológico na cidade pelo seu modo de agir, com firmeza, mas ao mesmo tempo com muita diplomacia e jogo de cintura,  Pires foi muito tempo o chefe de fato da Polícia em Guararema. Era a ele que inclusive seus colegas até da polícia civil recorriam para resolver qualquer questão de segurança pública. Ele não se impunha , mas a sua liderança era natural devido a sua grande capacidade de resolver as coisas da melhor maneira possível.

Maior referência na polícia civil de Guararema, o escrivão aposentado Nelson Rufino Gomes, conta que aprendeu  a trabalhar na polícia vendo o estilo de seu colega que era bem mais veterano que ele. Rufino entrou na polícia em 1969, Pires era da década de 50. “Ele resolvia tudo com seus comandados na boa conversa e no aconselhamento. Nunca precisou “canetar “ um colega de farda”- diz Rufino.

Wilson Marques de Oliveira, PM aposentado, também foi recruta do “Sargento “ Pires. Ele entrou na PM em 1974, por influência do velho policial, cujo irmão, Luiz, hoje com 87, era casado com a irmã mais velha de Wilson, a Benedita. Pires morava com o casal desde que eles se casaram em 1957.

Wilson relata que Pires era paraibano e antes de entrar na Força Pública ( antigo nome da PM), ele fora motorista da CMTC ( empresa de ônibus de São Paulo). Ingressou na PM e foi trabalhar no Palácio dos Campos Elísios na Guarda pessoal do governador. Quem o trouxe pra Guararema foi a Prefeita Deoclesia que governou a cidade de 1965  a 1969. Deoclésia, logo no começo do seu mandato,  pediu ao governador Adhemar de Barros, um sargento para comandar o destacamento da cidade. Amigo da prefeita, o governador lhe mandou o seu melhor sargento. “ Ele realmente era um grande líder e comandante- conta Wilson- nunca levou nenhum problema pro comandante da Companhia em Mogi das Cruzes. Se um policial seu estava com problema ele procurava ajudá-lo a resolver. Até mesmo problemas pessoais ele resolvia.

 

Diplomata com o povo , mas linha dura com o crime     

 Wilson conta que Pires mantinha a ordem na cidade muita tranquilamente. Se era um jovem que aprontava ele o levava até casa do pai e de um jeito manso relatava o fato e deixava que o pai fizesse justiça. Algumas vezes ele punha o infrator pra lavar o jipinho da polícia e assim a cidade ia ficando tranquila.

O sargento Pires discursa ao lado do prefeito Sebastião Alvino

Mas a pequena Guararema, por ser estação ferroviária e beira da Dutra às vezes tornava-se perigosa para o policial. Bandidos de fora tentaram aterrorizar aqui e encontraram a dura resistência do sargento e seus comandados. “ Boca de Siri”, um mais perigosos  bandidos de São Paulo, nas décadas de 60 e 70, tentou agir em Guararema, mas a pequena guarnição da PM local sob o comando do valente sargento  o botou pra correr. Logo depois ele foi preso pelo famoso delegado Fleury, num tiroteio que segundo o jornal Notícias Populares consumiu mais de 2500  cartuchos.

Acidente na Dutra e a Morte do colega Casemiro

Um outro problema da cidade era que a PM fazia o papel de Polícia Rodoviária atendendo ocorrências na rodovia Mogi – Guararema e na Rodovia Dutra. Em 3 março de 1971,  o sargento Pires e seu comando José Casemiro Barbosa atendiam uma ocorrência de atropelamento na Dutra. Um caminhão de uma empresa de oxigênio atropelou os 2 militaras. Casemiro, há um mês da aposentadoria morreu na hora e Pires ficou muito tempo internado   no hospital militar.

Soldado Casemiro atropelado e morto na Dutra

“Realmente o “Sargento” Pires foi marcante na PM. Trabalhei com ele e    depois em várias locais como, São Paulo, Mogi e Jacareí, nunca vi um comandante tão competente e de um caráter ímpar quanto ele . Na reserva foi promovido a 2º tenente, mas pela sua competência e honradez merecia um cargo muito maior”  – diz Wilson,  saudoso. José Almeida Pires morreu de causas naturais.

Pitagoras Bom Pastor

Pitágoras Bom Pastor de Medeiros, é formado em direito e pós graduado em jornalismo digital

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