Cancioneiro não defende partidos nem políticos, mas não se cala diante da ameaça à Democracia
Pitágoras Bom Pastor
A Rádio Revista Cancioneiro Caiçara já declarou mais de uma vez que não entrará nesse debate político tosco que está por aí, que envolve de um lado seguidores fanáticos do lunático Bolsonaro, e os não menos fanáticos daquele que se intitula o homem mais honesto do Brasil, o também incompetente e ultra egocêntrico Lula da Silva. Não há lado certo nessa briga. Já dissemos aqui que, honestamente, temos que admitir que tanto Lula quanto Bolsonaro tem sim os defeitos que lhes atribuem seu exs-adversos e não tem , com certeza, as qualidades que acham que tem e que seus correligionários neles veem ao olhá-los com os olhos da paixão. Alguém já disse: quem ama não vê defeito, como não amo nenhum dos dois e a nenhum outro político, artista, ou jogador de futebol. Antes ,olho-os com os olhos da razão. Aliás já ensinou-me o Sábio de Beirute, meu amigo seu Ahmad Saada, do alto dos seus 90 anos ” Político bom hoje, é igual batata, os bons estão debaixo da terra.
Mas para punir os maus políticos, já no século 18 criou- se primeiro teoricamente na Europa e aplicou-se primeiramente nos EUA em 1776, a Democracia Moderna. De certo um regime cheio de falhas, mas que apesar dessas falhas ainda é o melhor regime político criado até hoje . E a democracia moderna tem o remédio perfeito para o mau político, a eleição. Andou mal não se reelege e ponto final. Só o processo eleitoral pode depurar a política e isso não é um processo simples. Antes é um caminho longo e demorado. Votar se aprende votando. E quanto tempo o Brasileiro ficou sem votar? No Império e na ´República Velha só os privilegiados votavam. Ademais , o voto era aberto e portanto não havia liberdade de escolha do eleitor. A Constituição de 34 mudou isso, mas já em 1937 Getúlio deu um Golpe e ficou no Poder até 1945. Ou seja de 1822 a 1946 não houve direito de voto livre no Brasil.
Em 1946 houve eleições livres, porém 18 anos depois, o Golpe Militar de 64 acabou com a festa da Democracia impedindo eleições diretas para presidente, governadores e prefeitos de cidades de interesse da “Segurança Nacional”. Tivemos então nesse período, arremedo de eleições, inclusive porque oposicionistas do regime ditatorial foram cassados . Só em 1989 reconquistamos o direito de voto pleno. Sem experiência nesse jogo eleitoral, o povo elegeu o falso caçador de marajás, Collor de Mello, um governo que causou com seu plano econômico o maior número de suicídios da história do Brasil . Milhares de pessoas que não tiveram coragem para tanto caíram em profunda depressão, conforme me relataram médicos psiquiatras do Hospital do Servidor Público de São Paulo que estudaram essa questão. Conclusão de 199 anos de independência , o povo brasileiro so teve liberdade de votar e ser votado de 1946 a 196o, quando foi eleito Jânio Quadros ( portanto por 16 anos) e de 1989 até agora, portanto 32 anos. Portanto, dos 119 anos de Brasil, só houve 48 anos de Democracia. Como se pode aprender a votar com tão poucas eleições livres e diretas?
A conquista da Democracia se deu graças ao Movimento Diretas-Já que mobilizou toda a cidadania e que desaguou na fabulosa Constituição Federal Cidadã , filha da Constituinte de 1988, que teve também gigantesca participação popular na sua elaboração. Não se pode perder esse direito. Não se pode aliás perder nenhum direito, principalmente o direito à Liberdade e às Eleições livres . Então todo repúdio nosso a qualquer ato de força seja de quem for para querer impor na marra a vontade de uma minoria. Quem quiser renunciar ao seu direito de escolher seu presidente ou seu direito de livre pensar e agir, que se amarre em poste e tranque sua boca com lenços de algodão. Agora querer impor a todos o fechamento do Supremo e nos enfiar goela abaixo uma ditadura comandada por um déspota imbecil é coisa que ninguém em sã consciência pode aceitar. Por isso a Radio Cancioneiro Caiçara entra hoje, excepcionalmente no campo da política não para defender grupos , mas defender um valor maior: NÃO AUTORIZAMOS NINGUÉM A NOS ROUBAR O DIREITO DE TER DIREITOS.
Quanto ao título desse editorial me veio de uma frase do jornalista, poeta e ex- prefeito de Caraguatatuba, Altamir Tibiriçá Pimenta que morou na pensão de meu pai na década de 70 e que se tornou meu grande amigo. Reclamei-lhe um dia que minha namoradinha tinha me dado chute e ele recomendou-me, “mordida de cadela cura se com o pelo dela, arrume outra pra te salvar”. Arrumei com pressa e acabei me dando mal. Um amigo meu me disse esses dias, já amei o Lula , hoje não sou exatamente bolsonarista, tornei-me Bolsonaro por que ele é o anti-Lula. Então falei pra ele que na juventude eu já fizera esse tipo de escolha por conselho do poeta Altamir e me dei muito mal. Descobri que Altamir era ótímo poeta mas péssimo conselheiro sentimental. Afinal depois da dor dupla de duas paixões erradas, decobri que mordida de cadela não se cura com o pelo dela, o melhor remédio ainda a famosa vacina antirrábica. Pois é contra a loucura da paixão política, é melhor uma vacina nas nádegas do que pedir que outro cachorro lhe morda. Ditadura Nunca Mais!.