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CARTA DE UM CÃO

A Crônica do Sergio

 

Caro amigo Dr. Sérgio,

Você não devia ter me batido na cara. Não sei porque rosnei e ameacei você com um dentada. Acho que foi uma reação burra, não canina. Você deve ter ficado irado porque um cão de estimação como eu, jamais ameaça seu dono.

Talvez o fato se deva à nossa convivência, estou ficando como você, não tolero mais que me obriguem a fazer o que não quero. Eu sempre obedeço a você, mas, estou ficando velho e sem paciência. Talvez  seja a forma da ordem dada, ou a minha percepção sobre ela.

O tapa foi maior nos meus sentimentos do que na minha cara. Até seu neto  se espantou com tamanha violência.  Vi que você se arrependeu na hora.  Para mim, já passou, mas, estou preocupado. Quando me deito perto de você, depois da grande dificuldade para acomodar-me, devido às dores que sinto nas minhas pernas cansadas, baixo os meus olhos para não encara-lo.  Você me olha com olhar de remorso, pedindo desculpas. Eu olho pra você e fico aflito por não saber falar a sua língua. Só sei latir au, au, au, que quer dizer: Não estou magoado, nem triste e já o perdoei. Sempre o amarei.

 

Seu cão fiel, LUPE.

 

 

 

Pitagoras Bom Pastor

Pitágoras Bom Pastor de Medeiros, é formado em direito e pós graduado em jornalismo digital

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