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ChatGPT e o incrível desejo humano pela sua autodestruição

Por Liv Soban

Liv Soban é jornalista, Mestre em comunicações  e escritora 

Antes de ser aprendiz de mãe, sou também aprendiz de escritora. Tenho dois livros publicados e já escrevi alguns contos e artigos sobre diversos temas.

Escrever é visceral – sim, você tem que ter um conhecimento sobre estrutura linguística, semântica, gramática e outros conhecimentos que, confesso, deixo a desejar em algumas regras e, às vezes, confundo algumas palavras – mas você não escreve com sua técnica, você escreve com seu âmago.

Fico surpresa quando vejo este frenesi com o tal do ChatGPT. Uma inteligência artificial com milhares de dados, capazes de comunicar e trazer as mais diversas soluções. Ferramenta fantástica. Veja bem o que eu escrevi: ferramenta.

“A cada nova tecnologia descubro somente a nossa grande capacidade autodestrutiva”

E me lembro de quando li sobre outras tecnologias inventadas. A pólvora, por exemplo, foi para fogos de artifícios. A energia nuclear, como diz o nome, para fornecer energia, o avião para transportar as pessoas… A cada nova tecnologia descubro somente a nossa grande capacidade autodestrutiva.

Não é o problema da ferramenta, mas sim o problema de quem a usa e dá uma finalidade negativa. Infelizmente, em nossa história, vemos a tendência de usarmos todas as tecnologias para a destruição. Temos esta coisa meio sadomasoquista de provar continuamente que somos inferiores… que somos substituídos facilmente e aniquilados idem. E quem tem o poder destas ferramentas, continua tendo as mesmas características, porém, por ser o dono delas, se coloca como superior e que consegue decidir o destino do resto, quem morre, quem fica, quem é substituído, quem não.

“este ChatGpt e a nossa insistência por nos provar que somos inferiores”

Não é de hoje que vemos estes cenários e que pena é ver que continuamos sem ter aprendido nada. A mesma história para mim é com este ChatGpt e a nossa insistência por nos provar que somos inferiores. E acho sempre estas provas completamente injustas. “O Chatgpt foi bem no Enem, melhor que 60% dos candidatos.” Carambola, qual a história destes candidatos? Eles tiveram o mesmo acesso à informação que o Chat? Eles se alimentaram? O Chat com certeza está lá consumindo kilowats e kilowats de energia por segundo. Tiveram uma infância saudável? Quantas pessoas cuidaram destes candidatos? O Chat teve mais de uma centena, certeza…

O fato é que a gente gosta de cuidar mais de uma coisa do que de um ser humano. A gente faz até meritocracia entre um robô mimado pelos maiores especialistas em tecnologia do mundo e um menino franzino que nunca teve três refeições por dia e muito menos acesso ao mínimo de informações educacionais. E acha isto legal! Não acredito que seja só eu a ver tamanha desfaçatez e incongruência.

“Que tendência é esta que temos de nos mostrar menores, incapazes? “

Ao invés de usar uma ferramenta linda para ajudar a todos a terem acesso a uma gama de informações saudáveis, não, não, preferimos nos subjugar. Que tendência é esta que temos de nos mostrar menores, incapazes? Como buscar, dentro desta premissa falaciosa, uma harmonia entre humanidade e tecnologia?

E daí é onde eu, como escritora, entro. A primeira coisa que estão falando é a capacidade deste Chat em escrever textos, livros etc. Não, ele não pode ajudar um engenheiro com um cálculo (o que ele produz, aliás, erros bem dantescos), ele tem logo que ser colocado para fazer algo como se fosse um humano. Repito mais uma vez: como se fosse um humano.

“Ah, mas a IA (inteligência artificial) faz quadro como se fosse”

Ao perguntar ao próprio Chat se ele tem alguma emoção ou sentimento, ele prontamente responde que não. E ao pedir textos para ele escrever, percebo que, sim, ele não tem capacidade alguma de escrever, além de dissertações medianas, pelo simples fato de não ser humano e não sentir. Prestenção: você só escreve realmente com as vísceras. Assim como você só pinta, toca e faz qualquer tipo de arte com as vísceras.

“Ah, mas a IA (inteligência artificial) faz quadro como se fosse”

Sim, meu bem, mas ela não é.

E olha o problema. Poderia olhar para esta incrível ferramenta como uma parceira, que vai me ajudar em pesquisas o que melhorará muito a minha escrita, fazendo eu ganhar tempo para escrever melhor. E, por este uso indevido,  muitos profissionais e artistas já olham este sistema como um inimigo e, pior, passam a ter medo dele, o rejeitando.

“Que lugar estou deixando para minha filha…?”

Que lugar estou deixando para minha filha onde não consigo evoluir com as ferramentas tecnológicas porque elas são usadas, em sua maioria, como um destruidor da humanidade? Como quem acha que está no controle vai viver em um mundo de pessoas substituídas? É este tipo de mundo que construímos desde então e queremos continuar construindo?

Podem me chamar de romântica, de inocente, de louca até, mas o ChatGPT ou qualquer outra IA nunca será melhor que nós porque não somos e não devemos ser comparados com ferramenta alguma. Ao menos, não deveria ser este o intuito, uma vez que tecnologia nenhuma com todos os sistemas quânticos possíveis possa substituir a intuição, o coração e a alma de nenhum ser humano.

A autora

Liv Soban é jornalista, comunicóloga  Mestre em comunicação pela University for the Creative Arts (UCA), já lançou um livro sobre a virtualidade e suas relações. Ela é autora do livro  Sociedade nas Nuvens    Com a morte de seu Babbo (pai), se assumiu escritora. Inesperadamente, foi esta perda que lhe deu coragem para escrever  o best seller O encantador de Pessoas Liv Soban – Editora Labrador  disponivel  em https://editoralabrador.com.br› autor › liv-soban
Livros: O encantador de pessoas    

Liv Soban

LIV Soban , colunista da Cancioneiro Caiçara é jornalista e comunicóloga, com mestrado pela UCA . E Escritora , autora dos livros O Encantador de Pessoas e Sociedade Na Nuvem. Atualmente é aprendiz de Mãe .

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