Diário de Paris, 14 de março de 2023

Texto e Foto de Marcus Ozores

Paris se prepara para mais um dia de paralisação amanhã e as centrais sindicais prometem parar o país, mais uma vez. Amanhã, o Congresso começa a discutir se aprova ou não a mudança na constituição alterando a idade da mínima da aposentadoria passando de 62 para 64 anos. Apesar do número de presentes, na penúltima mobilização ter atingido mais de um milhão de pessoas nas ruas de Paris, segundo a CGT, esse número de participantes sofreu forte redução na última manifestação, no sábado, dia 11 de março.
As centrais sindicais prometem para amanhã, quarta-feira, manifestação gigante em frente a sede do Parlamento que fica atrás do ‘Theatre de l’Odeon’ e dentro das dependências do Jardin de Luxembourg. Nesses dias todos o transporte não sofreu nenhuma paralisação total, diferentemente da greve de 2019-2020 quando metrô e ônibus só se locomoviam poucas horas por dia.
O problema grave mesmo é a greve dos lixeiros de Paris, pois, o volume dos sacos pretos e as caçambas superlotadas transbordando já começam a espalhar mau cheiro para quem anda nas calçadas. Pior é que depois de 4 dias o chorume já se espalha pelas calçadas e dia a dia o fedor aumenta. Na equina do apê, na rue Marie esquina com rue Sarrete tem um hospital dia destinado a cirurgias plásticas e trabalha, ao que parece todos os dias da semana, final de semana incluso ai. A montanha dos sacos de lixo já está imensa e ai minha mente povoada de fantasias com base na realidade já começo a ver o surgimento de imensa montanha como a que seu formou no Testaccio, na Roma antiga, com restos de ânforas quebradas.
Sim uma imensa montanha. Aliás o Parc de Montsouris, distante umas cinco quadras do apê foi construído sobre o antigo leito do rio Bièvre local onde estavam instalados os moinhos que aproveitavam a correnteza do rio, nas duas calhas, para processarem grãos de trigo e as quireras, geradas pela moagem a pedra, atraia um exército de ratos. Daí a possível explicação para o nome do lugar que, em tradução direta, é Monte dos Ratos. Existem outras versões para a escolha do nome, mas essa é a definição mais que perfeita para mim. Aliás, lixo e ratos são irmãos siameses, portanto, não se espante se você estiver por aqui e tropeçar em alguma ratazana de uns cinco quilos, nada demais. Sampa também conta com uma exército populosíssimo de ratazanas gigantes que habitam os subterrâneos do metrô. Isso sem contar que as milhares de ratazanas que ficam no andar acima dentro dos perfumados escritórios com ar-condicionado, da Paulista e principalmente em Brasilia.
O dia foi breve e nossa caminhada, minha e de Wilma, – já que as meninas preferiram caminhar pelas ruas do 14éme -, foi ir até a rue de Rennes fazer cambio de moedas para finalizar nossa estadia aqui que termina no sábado à noite. Saímos na loja de cambio e fomos para o prédio da Fnac onde está loja da Uniqlo onde fui comprar duas camisetas de algodão egípcio puro e calça de algodão puríssimo feito no Cambodja.
Voltamos para casa com o ônibus 92 e descobrimos, na caminhada até o apê, pela rua Sarrete uma padaria minúscula que você compra pão da calçada com proposta incrível. Cada dia a padeira faz 10 tipos de pães totalmente diferente com farinha integral e fermentação natural, além de bolos maravilhosos. Compramos um bolo de laranja para tomarmos com chá de limão. Não preciso dizer que foi riquíssima experiência gourmand.
Post Scriptum: Os deputados governistas, apoiadores de Macron, acusam a prefeita de Paris Anne Hidalgo de ser responsável pelo acumulo de lixo pelas ruas de Paris. Alegam esses deputados que Hidalgo só tem recolhido lixo nas áreas turísticas e largado o resto da cidade para desgaste do ‘enfant terrible’.
Amanhã Victoria e Jana embarcam no aeroporto de Orly pela Iberia para conexão em Madrid, rumo ao Brasil.
Amanhã tem mais