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Foto do Arquivo Público de Caraguatatuba inspira Trabalho de Graduação em Arquitetura

Texto: Pitágoras Bom Pastor

Fotos de maquete do arquivo da autora

Uma foto dos irmãos Roberto e Rodoaldo Fachini ( Dadinho), feita por um turista no final da década de 40,  foi a inspiração para que a jovem caiçara de Caraguatatuba, Heloisa  Medeiros, 28 anos, fizesse o seu Trabalho de Graduação (TG) do curso de Arquitetura e Urbanismo na Univap 2021.

O TG que consistiu em um projeto de arquitetura e Urbanismo, recebeu aprovação da banca examinadora que obtendo a nota máxima .  Além da foto do APMC, ela diz que  se inspirou nas poesias do grupo de poetas Caiçaras “Fieira de Timbopeva”.  Por essa razão  denominou o espaço que propôs criar de  ” Centro Cultural Fieira de Timbopeva”.

O NASCIMENTO DA IDEIA

Heloisa contou  que a inspiração inicial, ou seja “o partido arquitetônico  ,  foi uma foto dos irmãos Fachini segurando uma  fieira (cordão)  de  cipó timbopeva com peixes amarrados, que era como os caiçaras  transportavam  os peixes para venda.

“Vislumbrei na foto dos meninos linhas e formas e percebi  elas  poderiam  transformar-se   em um projeto arquitetônico. A partir daí,  fiz um croqui da imagem dos meninos . Depois por  um processo de desconstrução, comecei a estudar cada elemento. Por exemplo: o peixe que estava pendurado na fieira, devido à sua anatomia, lembrou-me dois métodos de aplicação de pisos:  o método “Espinha de Peixe” e  o método “Escama de  Peixes”, que se na na aplicação do piso de tacos. Já os chapéus dos meninos, feitos de palha,  me  lembrou  o  “Pavilhão das Nuvens”,- uma estrutura de bambu feita para o ” Gardens Festival na China, 2018″-,  já que a palha tem a mesma plasticidade do bambu. Embora seja frágil,  quando trançada, ela ganha resistência e impermeabilidade ,  ótima para proteção nas condições climáticas   extremas .

Foto: o primeiro desenho que deu a partida no projeto

Ela explica : “Observem  na foto, que o menino Roberto é maior do que o Roaldo, isso faz com que as extremidades da cobertura sejam diferentes, para conectá-las foi utilizado uma “fieira” de bambu. Essa foi a inspiração, depois eu fui para o desenvolvimento do projeto interior”.

CONCEITO DO PROJETO

Heloísa diz que “pensou o conceito do projeto com base nos três principais pilares do turismo sustentável:   o econômico,ambiental e o  cultural.  Por isso dividiu o Centro Cultural Fieira de Timbopeva em 3 pavilhões, que denominou com palavras do dialeto caicarês , as quais encontrou no  Dicionário “O Caiçarês” de Romeu Mário Rodrigues.

“O pavilhão Canhangá, que significa marisco cozido, é o pavilhão da Economia e nele propus  um restaurante, uma loja de artesanato caiçara e um espaço destinado à exposições temporárias.

O espaço Nhamoréia, que significa resgate das canoas, é o pavilhão cultural.  Nele haveria um auditório multiuso, uma mini biblioteca ,  e um sala de exposição permanente.

Já no 3° pavilhão. o qual denominei Jurupu – que significa talo de planta, criei o pavilhão destinado ao Pilar Ambiental. Nele prohaveria  2  laboratórios de pesquisas ambientais. Um para pesquisar animais e vegetais do entorno, ameaçados de extinção;  e outro de ecologia marinha. Também propus um  espaços para oficinas culturais. destinados a jovens das circunvizinhanças.

UM PROJETO MULTIFACETADO

Heloisa disse que o seu projeto é multifacetado,  pois inclui também a parte de paisagismo e projeto da plantio.  Nele foi definido, inclusive, as espécies de árvore, privilegiando a escolhas de espécie em extinção e também  as cores de suas folhagens . O objetivo é ter  uma adequação estética à obra e ao seu entorno.

foto: A divisão dos pavilhões segundo o projeto da autora

 LAGOA AZUL É O LOCAL SUGERIDO  

O terreno sugerido está situado  na Av. Eridano, próximo à paradisíaca Lagoa Azul,  cujos dados ela prefere não revelar pra evitar “especulações”.

Atrás dele , há o cemitério Bela  Vista (que é privado), que estaria causando degradação ambiental, tanto na lagoa, quanto no mar do Capricórnio, devido ao despejo de chorume, segundo denúncias da ONG  “SOS Lagoa Azul/ Estuário do Rio Capricórnio”.

A arquiteta diz que o seu projeto, animaria o Poder Público a tomar medidas mais drásticas para corrigir essa e outras questões ambientais.  Nele há  o Pavilhão JURUPU, destinado à pesquisas ambientais, teria  técnicos estudando, diariamente, as degradações ambientais, tanto na área da fauna quanto da flora, da lagoa e de seu entorno, quanto  no mar .

O centro cultural visto de cima

RESGATE CULTURAL ,  AMBIENTAL E GERAÇÃO DE RENDAS

Para arquiteta,   o centro cultural poderia trazer resgate da cultura   através de cursos  , bem como  o resgate ambiental, visto que ainda há Mata Atlântica  a ser preservada e regenerada.  Além do mais propiciaria o  desenvolvimento  da economia  local, gerando sustentável aos caiçaras do bairro.  “Uma vez que se consolida um equipamento urbano numa determinada área, automaticamente se atrai pessoas e investimentos, capazes de beneficiar  toda a zona Norte de Caraguatatuba “.

Pavilhão Jurupu visto de cima

A IMPORTÂNCIA DO ARQUIVO PÚBLICO MUNICIPAL

Fotos dos irmãos Roberto e Rodoaldo Fachini, inspiração do projeto. (APMC )

Heloisa destaca a importância do Arquivo Público Municipal de Caraguatatuba, para a realização  do seu trabalho. Tanto que, assim que defendeu o seu TG em 21 de junho de 2021, encaminhou uma cópia dele por meio eletrônico à diretora do APMC, Denise Lemes como agradecimento. ” Nas várias vezes que procurei o Arquivo, sempre fui bem atendida e encontrei as respostas que eu queria. O APMC é muito mais receptivo do que outros que frequentei pelo Vale do Paraiba.  Por isso quer aqui registrar o meu agradecimento”- encerrou ela.

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Pitagoras Bom Pastor

Pitágoras Bom Pastor de Medeiros, é formado em direito e pós graduado em jornalismo digital

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4 Comentários

  1. Parabéns à Augusta pelo trabalho, em especial pela coerência que tem com nossa cultura e história. Agradeço, em nome do meu irmão Roberto, por estarmos “presente” nesse belo trabalho. E agrademos também ao Pitágoras por nunca deixar nos esquecer que somos caiçaras e à Denise que hoje é a maior defensora de nossa história. Nosso muito obrigado a todos vocês.

  2. Fiquei encantada com Eloisa, sua percepção é admirável, partindo de uma foto dos meninos transformou em lindo trabalho arquitetônico, elevando a cultura caiçara, em seu trabalho conseguiu unir a arquitetura e o trabalho social. Parabéns! O meio ambiente necessita desse olhar clínico, como a nossa gente para um viver mais digno…basta os governantes colocar o projeto adiante… de uma caíçara porreta!

  3. Parabéns ,Heloisa Augusta Bom Pastor pelo belíssimo Projeto e a Pitágoras Bom Pastor pelo texto. Torço muito para que o projeto saia do papel e se torne realidade.
    Pitágoras obrigado ,por me citar no texto que vc trocou os nomes Rodoaldo por Roaldo logo abaixo do croqui do pavilhão. Heloisa procure saber sobre o projeto que o arquiteto Paulo Mendes da Rocha fez para ser construído no mar em frente da Praia do Indaia, aqui em Caraguatatuba.

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