Paris se despede de um dos maiores fotógrafos brasileiros
Sebastião Salgado, mestre da luz e da humanidade, morre aos 81 anos na capital francesa, onde viveu grande parte de sua trajetória artística.

O último clique: uma partida silenciosa
O mundo da fotografia amanheceu mais vazio no dia 23 de maio de 2025. Em Paris, cidade onde consolidou sua trajetória artística, Sebastião Salgado faleceu aos 81 anos. A causa da morte foi leucemia, agravada por sequelas de uma malária contraída em 2010, durante uma expedição ao coração da Nova Guiné para seu projeto “Gênesis”.
De Aimorés ao mundo: a lente que revelou a dignidade humana
Nascido em 8 de fevereiro de 1944, em Aimorés, Minas Gerais, Salgado formou-se em economia e só mais tarde abraçou a fotografia como missão de vida. A mudança para Paris, nos anos 1970, marcou o início de uma carreira profundamente engajada com os dramas e a beleza do mundo.
Sua câmera percorreu mais de 120 países, sempre em busca do humano – dos trabalhadores das minas às populações em êxodo, da vastidão da natureza às entranhas da floresta amazônica. Obras como Trabalhadores, Êxodos, Gênesis e Amazônia transformaram seu nome em sinônimo de ética, estética e empatia.
A floresta como herança: o Instituto Terra
Com sua companheira de vida e arte, Lélia Wanick Salgado, fundou o Instituto Terra, um dos mais significativos projetos de restauração ambiental do Brasil. Em uma fazenda degradada em Minas Gerais, o casal plantou milhões de árvores, reerguendo fragmentos da Mata Atlântica e semeando esperança para gerações futuras.
Reconhecimento além das fronteiras
Em 2016, Salgado foi acolhido como membro da Academia de Belas Artes da França — um gesto simbólico da estima que o país onde viveu lhe devotava. Seu trabalho também foi celebrado por inúmeros prêmios internacionais, entre eles o Prêmio Príncipe de Astúrias das Artes, recebido em 1998.
Uma arte comprometida com a justiça
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou publicamente a morte do fotógrafo, destacando o poder de suas imagens na denúncia das desigualdades sociais e na defesa do meio ambiente. “Salgado nos ensinou a olhar o mundo com mais responsabilidade”, declarou.
O legado de um visionário
Sebastião Salgado deixa sua esposa, Lélia, dois filhos e netos. Mas seu verdadeiro testamento está em cada imagem que capturou: testemunhos viscerais da condição humana, alertas visuais sobre os limites do planeta e cartas de amor à dignidade esquecida. Seu olhar permanece entre nós – eterno, inquieto, transformador.
As obras essenciais de Sebastião Salgado