Chega de dar palco aos monstros

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Nesta teia virtual, a expressão “There is no such thing as bad publicity”, do showman Phineas T. Barnum, nunca foi tão assombrosa. A fala – não existe publicidade ruim –  proferida no século XIX ganhou uma exponência desastrosa. Com os algoritmos construídos para repercutir o ódio, misturados à uma sociedade esvaída e rompida, grupos extremistas conseguiram desenvolver, com uma retórica consistente e repetitiva, verdadeiros monstros.

Estes seres são adestrados para buscarem alvos fáceis e que tenham grande repercussão. O motivo? Reconhecimento. Seja ele qual for. Se para uma grande maioria seus atos são execráveis, para aquele grupo a qual faz parte, são aplaudidos e, assim, os monstros ganham notoriedade entre seus pares e, pior, status entre os seus.

Num mundo separado por bolhas informacionais cada vez mais distantes uma das outras com cada uma seguindo a sua própria moral, é muito difícil estourá-las e trazer de volta a humanidade a estes zumbis. A única coisa que podemos fazer é: não falar.

Usamos as mídias hoje mais para mostrar que há algo errado e apontar os erros do que qualquer outra coisa. Sinto dizer que este apontamento só fez o outro crescer em sua bolha, os algoritmos o levaram mais para cima e muita – que se diz – gente, foi junto. E a onda cresce e o que era virtual vira atentado real que se multiplica a cada dia.

Que circunstâncias são estas em que chegamos?

 Não podemos mais. Não aguentamos mais. Chega de dar palco aos monstros. Chega de falar sobre eles. Tiremos os holofotes. Tiremos a atenção. Ignoremos suas vozes. Vamos, como sociedade – que ainda podemos recuperar – combater estes monstros na realidade. E na virtualidade, nada. Nem uma menção.

Devo parabenizar aos tantos veículos e páginas que, percebendo esta distorção, não publicaram nada sobre. O jornalismo e todas as páginas que produzem conteúdo precisam rever urgente as diretrizes do que é notícia e o que devemos, de fato, reconhecer. É hora de chorar. É hora de se chocar. Mas também É hora de aprender e É hora de combater.

Meus mais estimados sentimentos às famílias, professores e crianças.

Liv Soban é jornalista e comunicóloga com mestrado pela UCA , autora dos livros Sociedade  nas Nuvens  e  Encantador de Pessoas   

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