O poder das benzedeiras e parteiras de Caraguá antigamente

Laura Parteira e Maria Benzedeira, eram as curandeiras do Tinga de antigamente

Por Pitágoras Bom Pastor
No bairro do Tinga, em Caraguatatuba , como em todo Brasil de antigamente, crianças morriam aos montes, devido a verminose e demais doenças sanitárias . Não havia água e encanada , nem esgoto. O acesso a saúde era restrito. Hospital era só para quem tinha INPS, ou seja registro em Carteira profissional. Nesse contexto, benzedeiras e parteiras eram a solução pro povo
O Tinga era assim, em 1964 quando lá cheguei ,. Era um bairro rural com pequenos sítios agrícolas e duas fazendas grandes, a Fazenda dos Ingleses, atual Serramar e Fazenda Poiares. No bairro não havia água encanada. Raras casas tinham banheiro ( usava-se o mato). A maioria dos moradores era pobre .
Em Caraguatatuba , havia poucos médicos. Keiti Nakamura, clínico geral e cirurgião Marcos Antônio Amaral, Jurandir e José Bourabeby, clínicos gerais , eram os que atendiam na Santa Casa ou no Centro de Saúde do Estado
A verminose , especialmente as lombrigas era assassina de crianças . Os parto se fazia em casa. Muitas mulhres morriam de tétano, então chamado mal de 7 dias. Às vezes se conseguia uma consulta no Centro de Saúde ou na Santa Casa, mas poucos tinham dinheiro para comprar o remédio. Como era então resolvido o problema de saúde dessas pessoas?
Dona Laura e Maria Benzedeira, a “obstetra” e a “clínica geral” do Tinga
Diz o ditado que Deus dá o frio conforme o cobertor. Então, no Tinga havia a dona Laura parteira que era casada com seu Elpídio. Era ela quem fazia os partos , até nos bairro próximos. Ela não cobrava por isso. Sua renda vinha da mercearia que tinha , em frente à atual escola EMEF Maria Aparecida de Carvalho, ( nº 1155 da Av. Mal Deodororo). Dizem que ela era melhor do que muito médico de hoje em dia que qualquer coisa apela pra cesariana.

As, parteiras, não raro, levavam no dia do parto até uma canja de galinha para dar a sua grávida após o parto. Elas tinham até uma certa aura de santidade. No bairro do Cedro, em Paraibuna, houve uma, de nome Maria Aparecida Ribeiro que foi elevada à categoria de santa pela crendice popular. Dona Laura, por isso ficou marcada na história do Tinga.
As benzeduras e Mezinhas de Dona Maria Benzedeira

Nascida Maria Eulália Bittencourt , em 1926, e registrada em 1927, Maria Eulália de Medeiros ( a Maria do Solon ou Maria Benzedeira) teve muitos motivos para aprender a arte do benzimento e da alquimia das garrafadas (mezinhas – misturas de ervas) .
Ela nasceu, no Batatal, um distrito de São Sebastião do Óculos -MG, distante a 35 km de qualquer civilização. Sua mestra foi Dona Luiza , que dizia ter 130 anos. Aos 7 anos , Maria Benzedeira fez seu primeiro benzimento, pois dona Luiza havia se mudado do arraial . Antes de aprender a benzer ela sofreu uma fratura exposta no pé que nunca foi tratada e se solidificou sozinha. Talvez por ter sido vítima da dor, que ela quis dedicar sua vida cuidar dos outros.
Maria Benzedeira, mudou-se pra o Tinga, em 1964 e todos os dias atendia, sem cobrar, mais de 20 pessoas, com seus benzimentos e suas mezinhas. Não havia doença que as ervas dela não curavam. Até mesmo a mortal tuberculose ela curava. Em 1971, Dona Maria mudou se para a área central da Caraguatatuba e a sua fama se estendeu por todo o município. Ela só parou de benzer em 2008, quando mudou-se para São Paulo.
Religiosidade

As benzedeiras e parteiras de então, não cobravam por seus tratamentos, pois diziam que era dom de Deus. Acreditavam que se cobrassem , esse dom lhes seria tirado. ” Damos de graça, o que de graça recebemos. ” Geralmente eram católicas e dominavam orações do catolicismo antigo. Assim faziam as curas e partos com um sucesso impressionante que as tornavam respeitada e admiradas na comunidade.
A CIÊNCIA COMPROVA
Hoje a ciência comprova a eficácia dessas curandeiras. A Professora Sílvia Paes, caiçara do Porto Novo, Caraguatatuba, pesquisadora e professora de pós graduação na Universidade Federal do Vale do Jequitinhonha, M. G., nascida na mão de parteira e criada na base da medicina popular, tem levada essa cultura popular pra dentro da Universidade. Ela costuma promover eventos onde curandeiros do Jequitinhonha vão à Universidade ensinar os pós graduandos da Faculdade de Saúde naquela Universidade Federal .

PROFESSORA DA BAHIA ESCREVEU SOBRE TEMA
Na Bahia a professora Mara Zélia da Almeida , titular da Faculdade de Farmácia da Universidade da Bahia, fez, com alunos da pós, uma extensa pesquisa sobre o tema e tem livro ensinando como usar a fitoterapia , que é disponibilizado gratuitamente na Amazon, em formato de E-book. Basta pesquisar no site da Amazon.
COMO GANHAR O LIVRO
O livro da professora Maria Zélia pode ser baixado grátis, em formato e-book na Amazon no seguinte Link https://www.amazon.com.br/Plantas-Medicinais-Mara-Z%C3%A9lia-Almeida-ebook/dp/B01A5VXJLU

Nesse livro, Mara trata também de banhos de cheiro e outras abordagens de cura das religiões de Matriz Africana. Vale a pena conhecer esse trabalho. Ele também está disponível em para venda em formato impresso. Vale muito a pena ler .

Silvia… Parabéns com suas pesquisas sobre benzedeiras… Parteiras… Medicina alternativa na história de Caraguatatuba.
Parabéns pela brilhante missão. Tenho 85 anos e reconheço como foi bom.
Graças a Deus tive o privilégio de ser atendida pela dona Maria benzedeira. (Minha avó) E graças à ela as crianças da família e também amigos, viviam sendo tratadas pelas garrafadas (remédio caseiro) que ela fazia 🙏🏼
Parece que a medicina natural está em alta.
As pessoas têm procurado essas alternativas, pois estão cansadas de tanta “intoxicação” caudadas por remédios químicos.
Claro que devemos consultar médicos, tomar remédios receitados. Mas se possível e bom o natural é bem melhor
Gostaria de receber um benzimento para mim e minha filha gilmara
Um dos melhores textos abordados por este programa. Riquíssimo em informação. Nossa, nem lembrava do INPS. O trabalho de vcs é de restauração da cultura calçada.
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