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O Brasil perde Elifas Andreatto, o mestre do designer gráfico

Diário de Pindorama

Marcus Vinicius Pazini Ozores, é jornalista e mestre em Sociologia, pela Unicamp.

Crônica, vídeo e apresentação de Marcus Ozores

Diário de Pindorama, terça feira, dia 29 de março do ano desalmado de 2022,  mas continuo firme assim mesmo , protestando com o “Só a poesia nos Salvará” da mediocridade que assola nossa triste República.
E hoje o Brasil ficou mais triste com a morte do designer gráfico Elifas Andreato  que iluminou a minha geração e as que vieram na sequência com a delicadeza dos seus traços. Elifas foi autor das mais lindas capas de discos – sim as músicas vinham em discos físicos em capas de papelão – e quando eram ilustradas pelo Elifas eram as mais lindas. O Elifas era melhor para fazer essas capas.

Como se esquecer da imagem de Paulinho da Viola chorando na capa do seu disco Nervos de Aço;
Como esquecer a capa do disco do Rolando Boldrin retrato pela paleta de Elifas como o Caipira de canivete na mão cortando fumo de corda, na mesma posição do Caipira, quadro emblemático de Almeida Junior;
E o disco da Elis então com aquele sorriso enorme, de cabelo curto, para o disco Luz das Estrelas de 1984;
E a capa do inesquecível disco Clementina cadê você?
Ou então a capa do disco Chico Buarque de 1980 com o rosto do artista pintado aos 36 anos com sorriso quase como de de Monalisa.
Enfim, Elifas partiu hoje aos 76 anos, vitima de um infarto e também mais uma vítima da brutalidade desse Brasil desses dias tristes últimos 3 anos cujo ministro da cultura odeia a cultura.
Elifas nos deixou mais de 300 capas de discos de uma gama variada de trabalhos espalhados pelo Brasil e pelo mundo. Elifas foi, reconhecidamente, um dos maiores artistas gráficos que o Brasil conheceu. Parta em paz Elifas.
Elifas_Andreato-fotowikipedia-por-Wilson-Adib.
E para homenagear esse artista que nos deixou hoje lerei para voces a letra da música / poema
‘Na Carreira’ composição assinada por Chico Buarque e Edu Lobo e musica de encerramento do disco ‘O grande circo místico’.

Na Carreira

Chico_Buarque_no_BRAVO -Flickr – Wikicommons

Edu Lobo e Chico Buarque de Holanda
Pintar, vestir, virar uma aguardente
Para a próxima função
Rezar, cuspir, surgir repentinamente
Na frente do telão
Mais um dia, mais uma cidade
Pra se apaixonar
Querer casar
Pedir a mão
Saltar, sair, partir pé ante pé
Antes do povo despertar
Vazar, zunir, como um furtivo amante
Antes do dia clarear
Apagar as pistas de que um dia
Ali já foi feliz
Criar raiz
E se arrancar
Hora de ir embora
Quando o corpo quer ficar
Toda alma de artista quer partir
Arte de deixar algum lugar
Quando não se tem pra onde ir
Parar, ouvir, sentir que tatibitati
Que bate o coração (muita letra gente!)
Mais um dia, mais uma cidade
Para enlouquecer
O bem-querer (o bem-querer)
O turbilhão (o turbilhão)
Bocas, quantas bocas
A cidade vai abrir
Pruma alma de artista se entregar
Palmas pro artista confundir
Pernas pro artista tropeçar
Voar (voar) fugir (fugir)
Como o rei dos ciganos
Quando junta os cobres seus
Chorar (chorar) ganir (ganir)
Como o mais pobre dos pobres
Dos pobres dos plebeus

Marcus Ozores

Marcus Vinicius Pasini Ozores é fotógrafo, jornalista, apresentador de TV , mestre em Ciências Sociais e Pesquisador Associado na UNICAMP

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