Só a poesia nos salvará da bárbarie desses tempos do Dragão da Maldade

Diário de Pindorama de 2022
Crônica e vídeo de Marcus Ozores

Diário de Pindorama, dia 03 de fevereiro de 2022.
Há exatos três meses e um dia decidi parar minhas leituras poéticas diárias da série que intitulei “Só a poesia nos Salvará”. Decisão de caráter temporário ocorreu no dia 04 de novembro de 2021 quando recebi a terceira dose da vacina contra o mal do século, o vírus da covid 19.
Foi no 1º de junho de 2020 que decidir criar slogan “Só a poesia nos Salvará” com objetivo primeiro afastar o tédio do isolamento forçado em decorrência de evitarmos o contágio pelo nosso inimigo invisível do covid que, à época, não havia medicação e tampouco vacina. O segundo motivo foi um recurso para a sobrevivência intelectual.
Como salientei anteriormente, no dia 4 de novembro de 2021, recebi a terceira dose da vacina, desta vez da Pfeizer, e achei naquele momento que o Santo Guerreiro estava prestes a destruir o Dragão da Maldade, qual o que, o Dragão não só não morreu como aumentou suas forças e continuou a espreita, mudando de couraça e utilizando de técnicas de dissimulação para ceifar novas vidas. E a nossa Terra de Pindorama registra hoje a triste marca 629 mil mortos vítimas desse vírus.
Não bastasse a tragédia causado por esse vírus invisível o nosso Dragão da Maldade continua sua jornada ceifando vidas e espalhando o ódio para corações e mentes dessa Belíndia que é o Brasil.
Ao longo desses dois anos de reclusão, pelo avanço da idade e convivendo boa parte do meu tempo com tela do celular e do computador. observo com tristeza o aumento em escala geométrica do ódio nas mídias sociais. A vida nesse país continente que em décadas atrás se confraternizava com as conquistas das Copas do Mundo de futebol e que as diferentes classes sociais, mesmo que esporadicamente e por curto período tentavam parecer iguais nos quatro dias de Baco, perdeu a gentileza e perdeu a delicadeza.
Confesso a vocês que ao me deparar ontem noite, com as imagens na TV e do massacre do refugiado político congolês Moise, por três vândalos armados de pedaços de pau e que espancaram aquele refugiado negro como que não fosse humano mas sim um cachorro louco, matando-o a pauladas me senti, não só impotente , como menos Humano e com sentimento estranho de não pertencente a essa mesma humanidade que esses três assassinos que na verdade representam simbolicamente uns 20% da população de Pindorama. Infelizmente Moise não é e nem será um caso isolado, os Moises são mortos todos os dias massacrados sejam eles negros, brancos, pardos, amarelos, vermelhos e são mortos por serem pobres ou por pensar diferente do outro.
Decidi voltar com minhas leituras poéticas com objetivo de poder contribuir para resgatar a Delicadeza e a Gentileza que ainda resta nas nossas Terras de Pindorama.
E hoje lerei para voces o poema intitulado Momento num Café de autoria do poeta gigante Manuel Bandeira. Foi com esse poema que comecei, no dia primeiro de junho de 2020, minhas leituras poéticas do “Só a poesia nos Salvará” e eu pessoalmente tenho forte ligação com o que diz esse poema. Bandeira e sua obsessão pelo tema da morte nos chama atenção para o momento derradeiro da alma humana que é a passagem do féretro e é por isso que esse poema para mim tem força . Além do mais, hoje, um vizinho muito amigo, da minha idade, faleceu dormindo hoje em sua casa, aqui na nossa República Anarquista Livre dos Tupinambás de Barequeçaba. Ao seu Zé que nos deixou, aos 70 anos, dormindo e partiu para sua residência final junto ao tumulo dos seus pais em Guaxupé dedico a leitura desse poema.
MOMENTO NUM CAFÉ
Quando o enterro passou
Os homens que se achavam no café
Tiraram o chapéu maquinalmente
Saudavam o morto distraídos
Estavam todos voltados para a vida
Absortos na vida
Confiantes na vida.
Um no entanto se descobriu num gesto largo e demorado,
Olhando o esquife longamente.
Este sabia que a vida, é uma agitação feroz e sem finalidade.
Que a vida é traição.
E saudava a matéria que passava
Liberta para sempre da alma extinta.

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