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Só boca de inferno explica o Brasil

 

Diário do Ano da Peste de 2021

Texto e vídeo Marcus  Ozores

 

E hoje é dia 23 de setembro, quinta feira e continuo aqui pelas terras dos índios Manaós de caniço e samburá procurando tucunaré nas barrancas do Negro. Mas o rio da cobra grande também forma praias brancas que ainda vou me achegar para lançar minhas granadas do “Só a poesia nos Salvará”.

E hoje eu preparei um estudo aprofundado sobre a importância da matéria quântica que existe no buraco negro situado na via 38768 e a relação direta que essa não matéria exerce na CPI do Covidão. Que mexe mexe e remexe. E hoje tenho certeza que foi a não matéria que invadiu corações e mentes dos nossos senadores republicanos e acabou por provocar o excelente debate educativo e de erudição digna de um pensador da estatura de René Dascaras e Jorge Hepatia de Alexandria que  trocaram verdadeiras pérolas de sabedoria do mundo ocidental durante o depoimento da Não Pessoa do diretor da Precisa Medicamentos cuja atividade essa Não Pessoa não sabe qual é? Após a não explicação da Não Pessoa o filosofo Jorge Hepatia de Alexandria – que foi administrador da indústria de Bigas de Guerra do faraó Ptolomeu, conhecido como o Greguinho – solicitou uso da palavra e elegantemente explicou ao René Dascaras que a  empresa Precisa precisa faturar imediatamente para distribuir felicidades entre membros do mundo corporativo.

Sendo assim , após apreciar esse debate de profundo saber,  revisitamos os versos de Gregório de Matos Guerra nascido em Salvador, 23 de dezembro de 1636 e falecido em Recife, 26 de novembro de 1696. Gregório de Matos, alcunhado de Boca do Inferno ou Boca de Brasa, foi advogado e poeta do Brasil Colônia e é considerado um dos maiores poetas do período barroco em Portugal e no Brasil e o mais importante poeta satírico da literatura em língua portuguesa no período colonial.

 

 

Soneto  1

Conselhos a qualquer tolo para parecer fidalgo, rico e discreto

Bote a sua casaca de veludo,
E seja capitão sequer dois dias,
Converse à porta de Domingos Dias,
Que pega fidalguia mais que tudo.

Seja um magano, um pícaro, um cornudo,

Vá a palácio, e após das cortesias
Perca quanto ganhar nas mercancias,
E em que perca o alheio, esteja mudo.

 

Sempre se ande na caça e montaria

Dê nova solução, novo epíteto,

E diga-o, sem propósito, à porfia;

 

Quem em dizendo: “facção, pretexto, efeito”.
Será no entendimento da Bahia
Mui fidalgo, mui rico, e mui discreto.

 

Soneto   2

Neste mundo é mais rico, o que mais rapa:
Quem mais limpo se faz, tem mais carepa:
Com sua língua ao nobre o vil decepa:
O Velhaco maior sempre tem capa.

Mostra o patife da nobreza o mapa:
Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa;
Quem menos falar pode, mais increpa:
Quem dinheiro tiver, pode ser Papa.

A flor baixa se inculca por Tulipa;
Bengala hoje na mão, ontem garlopa:
Mais isento se mostra, o que mais chupa.

Para a tropa do trapo vazio a tripa,
E mais não digo, porque a Musa topa
Em apa, epa, ipa, opa, upa.

 

Marcus Vinicius Pazini Ozores, é jornalista e mestre em Sociologia, pela Unicamp. Foi assessor de imprensa dessa universidade onde continua como pesquisador . Trabalhou em grandes órgãos de mídia nacional> Aposentado, atualmente solta torpedos em versos de seu refúgio a praia de Baraqueçaba, em São Sebastião, onde reside.

Marcus Ozores

Marcus Vinicius Pasini Ozores é fotógrafo, jornalista, apresentador de TV , mestre em Ciências Sociais e Pesquisador Associado na UNICAMP

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