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Porque Deus permite que as mães vão se embora

Diário do Fim do Mundo

Crônica, vídeo e apresentação de Marcus Ozores 

Diário do Fim do Mundo, domingo, dia 08 de maio do ano que ninguém sabe como irá acabar de 2022 e estou aqui na extensão da minha República Livre Anarquista dos Tupinambás lançando minhas granadas de indignação contra o cinismo nacional, com ‘Só a poesia nos Salvará’.

Hoje é domingo, aliás, o segundo domingo de maio e daí, me dei conta que hoje é o dia que se comemora o dia das mães. A minha partiu há uma década, no dia em que completou 87 anos. Aliás, Maria viveu   87 anos muito bem vividos. Me lembro que, num domingo como esse, décadas atrás, íamos na casa da minha mãe para comer a famosa lasanha que ela preparava com dias de antecedência para essa data . O segredo da tal lasanha da Maria, era que ela não usava carne moída para fazer o molho bolonhesa, mas sim, fazia à mão centenas de pequenas ‘popetas’ que eram fritas separadamente e depois incluídas na hora da montagem da lasanha que ia para o forno.                                                                                                            Olha,  eu já rodei esse mundão , ja comi em muitos lugares , mas confesso que nunca encontrei uma lasanha que chegasse aos pés da lasanha que minha mãe fazia.                                                                                                                                                                                                                                            Lembro-me que uma vez levamos nossa sobrinha pequena para um tradicional restaurante italiano dessa Sampa Desvairada. Quando o garçom pergunto a Juliana qual o prato que ela queria a resposta foi direta e objetiva: ‘a lasanha da minha avó’. Cada um de nós viventes e aqueles que puderam compartilhar com a presença das suas mães sempre terão até o final das nossas existências pequenas histórias da nossas mães que ajudaram a construir os humanos que somos hoje. Um feliz Dia das Mães para as vivas e para as que nos deixaram.
E para lembrar essa data vou ler para voces um poema do nosso poeta maior Carlos Drummond de Andrade, intitulado

PARA SEMPRE

Carlos Drumond – Wikimediacommons

 

 

 

 

 

 

 

 

Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.

Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
– mistério profundo –
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.”

 

Hidrel
A Cancioneiro Caiçara tem o apoio cultural da Hidrel. Uma empresa genuinamente caiçara.

Marcus Ozores

Marcus Vinicius Pasini Ozores é fotógrafo, jornalista, apresentador de TV , mestre em Ciências Sociais e Pesquisador Associado na UNICAMP

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3 Comentários

  1. Grande poeta Carlos Drummond de Andrade…como eu queria ir na casa de mamãe comer sua cominha gostosa, e um dos doces que eu mais gostava porque ela fazia vários, era o doce de mamão com coco. Sou grato por tudo uma mãe tão amável, generosa e carinhosa…

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