“Tupi or not Tupi that is the question”

Diário de Pindorama
Texto, vídeo e apresentação Marcus Ozores

Dia 8 de fevereiro de 2022, terceiro ano da peste. E estou aqui com “Só a poesia nos Salvará”, diretamente daqui da minha República Livre Anarquista dos Tupinambás de Barequeçaba.
Hoje, como faço todas as manhãs, após moer os grãos escolhidos de café exportação da Cooxupé e fazer um café perfumado me sento para ler as mídias sociais e os jornais. Um amigo postou o cartaz do filme Shakespeare Apaixonado lançado em 1998, uma comédia deliciosa com estrelada poor Gwynet Paltron e Joseph Fiennes no papel de Shakespeare. Como a nossa mente trabalha por associação fui levado instantaneamente as imagens da última vez que estive em Londres. Foi justamente em fevereiro de 2002 e dois anos após a inauguração da ponte do milênio, a primeira ponte construída sobre o Tâmisa, que liga a City londrina com e a zona de Bankside. Em 2002 a ponte era novidade na cidade, pois era a primeira ponte a ser construída sobre o Tâmisa , desde a construção da ponte da Torre em 1894.

E ao chegar do lado de Bankside e pegar o sentido da esquerda me deparei com outra obra relativamente recente, de 1997, mas que ainda fazia muito sucesso entre os britânicos e os turistas. O The Globe o teatro construído sob supervisão do próprio William Sheakspeare em 1599 , mas que sucumbiu a um incêndio em 1613.
Mas em 2002 lá estava eu no centro do palco do The Globe, onde havia sido filmado “Shakespeare apaixonado”. O teatro é mágico e você se sente pertencendo a uma Londres do século XVI. E é claro que surdamente e mentalmente lá estava eu o no centro do palco do The Globo me achando o próprio Hamlet e segurando uma caveira imaginária dizia:
“Tupi, or not tupi that is the question” que abre o “Manifesto antropófago” publicado, em maio de 1928, por Oswald de Andrade, no primeiro número da Revista de Antropofagia.
E como estamos recordando Londres, The Globe é claro que vou ler dois poemas desse bardo inglês chamado William Shakespeare que despensa apresentações.

1- Soneto
As horas que suavemente emolduraram
O olhar amoroso onde repousam os olhos
Serão eles o seu próprio tirano,
E com a injustiça que justamente se excede;
Pois o Tempo incansável arrasta o verão
Ao terrível inverno, e ali o detém,
Congelando a seiva, banindo as folhas verdes,
Ocultando a beleza, desolada, sob a neve.
Então, os fluidos do estio não restaram
Retidos nas paredes de vidro,
O belo rosto de sua beleza roubada,
Sem deixar resquícios nem lembranças do que fora;
Mas as flores destilaram, sobreviveram ao inverno,
Ressurgindo, renovadas, com o frescor de sua seiva.
2- Soneto
Quando conto as horas que passam no relógio,
E a noite medonha vem naufragar o dia;
Quando vejo a violeta esmaecida,
E minguar seu viço pelo tempo embranquecida;
Quando vejo a alta copa de folhagens despida,
Que protegiam o rebanho do calor com sua sombra,
E a relva do verão atada em feixes
Ser carregada em fardos em viagem;
Então, questiono tua beleza,
Que deve fenecer com o vagar dos anos,
Como a doçura e a beleza se abandonam,
E morrem tão rápido enquanto outras crescem;
Nada detém a foice do Tempo,
A não ser os filhos, para perpetuá-lo após tua partida.


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